Este conteúdo é sobre um fato que ainda está sendo apurado pela redação. Logo teremos mais informações.
O advogado Cézar Bittencourt, que defende o tenente-coronel Mauro Cid, disse nesta sexta (22) que o militar confirmou à Polícia Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia de todo o suposto plano de golpe de Estado que, segundo apontou a investigação, teria ainda a execução de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio magistrado.
As investigações baseadas, em parte na delação premiada firmada por ele com as autoridades, levaram ao indiciamento de Bolsonaro e mais 36 pessoas nesta quinta (21).
“Confirmou sim [que Bolsonaro sabia do plano], ele tem uma linha de pensamento, a versão verdadeira dos fatos. Não tem interesse nenhum que não seja responder aquilo que a justiça está pedindo. Ele participou como assessor, verificou e indicou inclusive o seu chefe que teria a liderança dos fatos”, disse em entrevista à GloboNews.
Bolsonaro “comandava organização”, diz advogado
Segundo Cezar Bittencourt, Mauro Cid “confirma que [Bolsonaro] sabia sim [do plano de golpe de Estado]. Na verdade, o presidente de então sabia tudo, aliás é a pessoa que comandava essa organização. Tanto que ele acabou sendo denunciado, pra gente ver com a denúncia do Ministério Público por esses fatos”.
Ele chegou a sinalizar que Bolsonaro também teria conhecimento do plano de execução de Lula, mas depois recuou e afirmou que “eu não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte. Falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido. […] Eu não sei que tipo de golpe poderia ser. Agora, [Bolsonaro] tinha interesse no acontecimento que estava acontecendo aqueles dias, o presidente sabia”.
O advogado afirmou que Cid era assessor direto do ex-presidente – foi ajudante de ordens durante todo o mandato –, mas que não tem detalhes mais a fundo além das reuniões que participava, como a realizada em meados de julho de 2022 e que vazou para a imprensa. Na época, alguns ministros propuseram uma ação antes das eleições.
“Ele [Cid] confirmou sim todos os fatos, a decisão, e indicou que tipo de infração que teria cometido. Ontem [quinta, 21] foi só o coroamento desses fatos, agora vem a conclusão deve ir para a Procuradoria-Geral da República (PGR) elaborar daqui a uma semana, provavelmente vai precisar de 60 a 90 dias para analisar as mais de 800 páginas de procedimento”, emendou.
Mauro Cid prestou depoimento a Moraes por mais de três horas no momento em que a Polícia Federal enviava o relatório com o indiciamento de Bolsonaro ao STF, e chegou a pedir a anulação da delação premiada por suspeita de omissão de informações.
A Operação Contragolpe desencadeada na última terça (19), que prendeu quatro militares e um policial federal, foi baseada em dados que ele tinha deletado de seus aparelhos, mas que outros investigados deram indícios em depoimentos anteriores – o que levou a PF a determinar uma perícia mais minuciosa que recuperou estas informações.
Cezar Bittencourt diz que orientou Cid a falar a Moraes o que sabia, dos fatos que conhecia. “Não adianta dourar a pílula, doa a quem doer, você vai ter que dizer a verdade, aquilo que você sabe até para o seu próprio benefício”, disse sobre a audiência com Moraes.
Ainda segundo ele, Cid já falou à Justiça tudo o que sabia sobre os planos, que ficou muito nervoso no dia da audiência com Moraes – que foi muito dura –, mas que a delação foi mantida. No entanto, disse não ter uma previsão de quando deve ser o julgamento, possivelmente apenas em meados de 2025 segundo ouviu na mídia.
Mais informações em instantes.