Mercado de ações britânico deixa de ser a base de 88 companhias em 2024; principal polo de atração é a maior bolsa dos EUA
A Bolsa de Valores de Londres teve em 2024 a maior migração de empresas para outros mercados de ações desde 2009, durante crise financeira global. O jornal Financial Times informou que 88 empresas deixaram a Bolsa de Londres no ano (leia aqui, para assinantes). Houve a entrada de 18 empresas na Bolsa de Londres em 2024. Analistas de mercado avaliam que isso demonstra a perda de dinamismo da economia do Reino Unido.
O maior polo de atração das empresas que migraram foi a Bolsa de Valores de Nova York. Algumas foram para bolsas de outros países. Parte das empresas que saíram mantêm ações na Bolsa de Londres, mas sem que seja a base principal. Isso diminui o volume de papéis dessas empresas negociados e a relevância da Bolsa de Londres.
A expectativa de analistas do mercado de capitais é que a migração continue em 2025. A Ashtead, empresa que aluga equipamentos de construção, anunciou em 10 de dezembro planos para mudar da Bolsa de Londres para a de Nova York (leia aqui, para assinantes). A empresa tinha valor de mercado de 28 bilhões de libras antes do anúncio (R$ 218 bilhões).
BHP FOI PARA SYDNEY EM 2022
Uma das principais mudanças de empresas da Bolsa de Londres para outros locais foi em 2022. A BHP, de mineração, passou a ter como principal base a Bolsa de Sydney na Austrália. A empresa tem valor de mercado de US$ 125 bilhões (R$ 775 bilhões).
Analistas afirmaram na época que a mudança não era preocupante porque a BHP tem a maior parte de seus negócios e a sede das operações na Austrália. Outras empresas migraram por causa de fusões, principalmente com empresas dos EUA. Nesses casos, a sede corporativa e a base de negociação das ações tende a ficar no maior país.
Mas as fusões também são indicação da perda de dinamismo da economia do Reino Unido na avaliação de alguns analistas. O banco Goldman Sachs estima que o PIB (Produto Interno Bruto) mundial crescerá 2,7% no próximo ano. Para os EUA, a projeção é de 2,5%. Para o Reino Unido, um pouco mais do que a metade: 1,3%. É mais do que a Zona do Euro (0,8%). Mas insuficiente para manter a competitividade na comparação com os EUA.
CONCENTRAÇÃO FAVORECE EUA
A Bolsa de Londres tem 222 anos. É a maior da Europa. Mas, no mercado de ações, há tendência de concentração global. Por isso o peso dos EUA deverá crescer. Estudo do Goldman Sachs mostra que as projeções de ganhos na Bolsa de Nova York em 2025 superam as de Londres.
O estudo também menciona a grande participação dos fundos de pensão no mercado de ações de Nova York. Há planos do governo britânico de tornar a Bolsa de Londres mais atraente por meio de reformas regulatórias.
Há analistas que não consideram a migração de empresas um problema grave. Argumentam que o mais importante para a Bolsa de Londres é a negociação de papéis de renda fixa, títulos de dívidas de empresas e governos.