Black Friday pode piorar transtorno compulsivo por compras; veja como lidar


A Black Friday, dia conhecido pelos descontos e promoções irresistíveis, pode ser um gatilho para pessoas que sofrem de compulsão por compras, também conhecida como oneomania.

Esse transtorno, embora seja muito confundido com um comportamento impulsivo pontual, é uma condição séria que afeta a saúde emocional, financeira e até social das pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5% da população mundial sofre com as compras compulsivas. No Brasil, o número fica em 3%.

O que é e como identificar transtorno compulsivo de compras?

Ao contrário de uma compra planejada ou ocasionalmente impulsiva, na oneomania a compulsão é persistente e traz prejuízos. Pessoas que sofrem desse transtorno podem acumular dívidas, comprometer relacionamentos e até mesmo negligenciar obrigações pessoais e profissionais.

“Um paciente com transtorno compulsivo de compras, com o passar do tempo, pode ter gastos maiores do que sua capacidade de pagar. Então por conta disso, ela pode criar dívidas financeiras e com isso problemas emocionais e psicológicos, com sentimento de culpa, vergonha, arrependimento, tristeza e até mesmo certo isolamento pela vergonha da sua condição”, explica Priscilla Cevallos, médica com pós-graduação em psiquiatria, da Saúde Digital, marca do Grupo Fleury.

Alguns dos sinais comuns da oneomania são:

  • Compras frequentes e sem planejamento
  • Sensação de ansiedade ou irritação que só alivia com a compra
  • Acúmulo de itens não utilizados ou repetidos
  • Comprometimento financeiro significativo

Como evitar quen a Black Friday dificulte o tratamento?

As vendas online e eventos como a Black Friday podem intensificar o problema em quem sofre com o transtorno. As promoções aparentemente imperdíveis criam uma sensação de urgência, estimulando as compras sem necessidade e em excesso.

Mas, segundo as especialistas ouvidas pela reportagem da CNN, algumas atitudes ajudam a controlar o impulso nesse momento de tantos estímulos.

“A primeira coisa é se planejar. Fazer uma lista do que precisa comprar, o que é necessário, estabelecendo um orçamento. Antes de fazer uma compra, pense duas vezes. Aquilo é necessário ou apenas um impulso? E também é importante limitar o acesso às redes sociais e as notificações de aplicativos que estimulem essas compras desnecessárias”, acrescenta Cevallos.

Além disso, é importante que a pessoa que sofre com o transtorno busque ajuda profissional. O tratamento para a compulsão por compras envolve terapia psicológica, frequentemente a cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais.

Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos, como antidepressivos, quando o transtorno está associado à ansiedade ou depressão.

“Através de uma avaliação apurada, um profissional bem treinado poderá realizar o diagnóstico diferencial com outras doenças, como o transtorno bipolar, e, a partir disso, construir o melhor tratamento que o paciente. Em geral, ao descobrirem que se trata de um transtorno, os pacientes se sentem aliviados ao compreenderem que o comportamento não se trata de uma fraqueza ou irresponsabilidade, mas sim de um processo do adoecer”, explica Sidney Seabra, psiquiatra do Instituto Macabi.



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