Assad detalha fuga em primeiro comunicado após queda de regime


O presidente deposto da Síria, Bashar al-Assad, fez o primeiro pronunciamento após a queda do governo, derrubado por rebeldes sírios no início do mês, relatando as circunstâncias em que deixou o país.

O comunicado foi publicado por meio do canal do presidente deposto no Telegram.

Segundo o documento, Assad foi para a Rússia, saindo da base aérea de Hmeimim, na cidade costeira de Latakia, na Síria, na noite de 8 de dezembro, quando o local sofreu ataques de drones. Pontuando que a partida do país não foi programada e que deixou Damasco naquela manhã, enquanto rebeldes da oposição se aproximavam.

“Após várias tentativas sem sucesso de divulgar a declaração pelos meios de comunicação árabes e internacionais, a única opção viável era publicá-la nas contas de mídia social da antiga presidência”, diz a mensagem que acompanha a declaração.

“Nunca busquei cargos para ganho pessoal, mas sempre me considerei um guardião de um projeto nacional, apoiado pela fé do povo sírio, que acreditava nessa visão”, afirmou Assad.

Conforme o comunicado, “um relato detalhado dos eventos que se desenrolaram será fornecido quando a oportunidade permitir”.

“Em nenhum momento durante esses eventos, considerei renunciar ou buscar refúgio, nem tal proposta foi feita por um indivíduo ou partido. O único curso de ação era continuar lutando contra o ataque terrorista”, continuou.

Assad exclamou que o país caiu “nas mãos do terrorismo e a capacidade de fazer uma contribuição significativa foi perdida”.

“Isso não diminui, de forma alguma, meu profundo senso de pertencimento à Síria e seu povo – um vínculo que permanece inabalável por qualquer posição ou circunstância. É um pertencimento cheio de esperança de que a Síria será novamente livre e independente”, concluiu.

Entenda o conflito na Síria

O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.

O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.

A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.

O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.

Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.

Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.

A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.

Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.

Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.



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