Após 114 anos sem registros do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) na região do Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI), 18 exemplares da espécie ameaçada foram reintroduzidos com sucesso na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), no Ceará, na última semana.
A ação faz parte do projeto Refaunar Arvorar, uma iniciativa do Parque Arvorar, do Beach Park, em parceria com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis.
A soltura contou com a presença de representantes da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), incluindo o fiscal ambiental Roberto Cavalcante e a gestora ambiental Marina Lopes, além de fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
“Foi um privilégio poder presenciar a soltura dos periquitos-cara-suja. Me emocionei ao ver essas aves retornando à natureza após tanto tempo sem registros na região. Tenho a certeza de que, com o esforço conjunto, a natureza pode se recuperar e que, em breve, poderemos realizar outras ações semelhantes com outras espécies ameaçadas no Ceará”, afirmou Roberto Cavalcante, fiscal ambiental da Semace.
A reintrodução dos periquitos está alinhada ao Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga, uma ação do Ministério do Meio Ambiente destinada à proteção de espécies nativas ameaçadas.
Antes da soltura, as aves passaram por um processo rigoroso de avaliação, conduzido por biólogos, veterinários e zootecnistas, para garantir que estavam em boas condições de saúde e adaptadas ao novo ambiente.
Processo de reabilitação e aclimatação
Durante cinco meses, os 18 periquitos permaneceram em recintos de aclimatação dentro da reserva, um período fundamental para a adaptação ao ambiente natural.
O processo incluiu a formação de vínculos familiares e a familiarização com o território, fatores essenciais para aumentar as chances de sucesso na reintrodução e na sobrevivência das aves.
A seleção dos pássaros para a reintrodução seguiu critérios rigorosos. Foram escolhidos apenas periquitos de grupos familiares de vida livre, garantindo uma adaptação ao novo habitat. As aves também foram treinadas para utilizar caixas-ninho e comedouros, o que facilitou o manejo durante a soltura e a adaptação ao ambiente natural.
Além dos 18 periquitos reintroduzidos, três aves que haviam sido apreendidas pelo Ibama e acolhidas no Parque Arvorar também serão transferidas para a reserva, onde passarão por um novo período de aclimatação antes de serem libertas definitivamente.