O governo da Romênia anunciou, nesta quinta-feira (16), que novas eleições presidenciais no país serão realizadas em maio, após o cancelamento do pleito anterior, marcado por denúncias de interferência da Rússia por meio do aplicativo TikTok. O país faz parte da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), além de ser fronteiriço com a Ucrânia.
A Rússia nega as acusações de que teria interferido nas eleições presidenciais da Romênia. “Não interferimos nas eleições de outros países, particularmente na Romênia, nem pretendíamos isso”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas no final de novembro.
“A legislação que define a data para a eleição presidencial de 2025 foi aprovada”, disse o porta-voz do governo Mihai Constantin, confirmando a proposta de realizar um primeiro turno em 4 de maio e um segundo em 18 do mesmo mês.
A repetição da eleição presidencial foi exigida pela população romena em protestos. Dezenas de milhares de pessoas realizaram um ato na capital Bucareste, no último domingo (12), exigindo que a eleição presidencial fosse cancelada.
Na nova votação, Crin Antonescu, ex-presidente do partido liberal, de 65 anos, será um dos candidatos. O político foi escolhido por quatro forças políticas pró-europeias após um acordo em dezembro passado para nomear um candidato único para as próximas eleições presidenciais.
A coalizão também objetiva manter a extrema direita fora do governo. Sua ação foi tomada após Calin Georgescu, candidato pró-Rússia e contrário à Otan, alcançar 22,95% dos votos contra a candidata Elena Lasconi, que teve 19,2% no primeiro turno, em 24 de novembro de 2024.
Os dois presidenciáveis deveriam se enfrentar no segundo turno, em 8 de dezembro, que não aconteceu pois o Tribunal Constitucional revogou a eleição em 6 de dezembro.
Até maio, Klaus Iohannis se mantém como o presidente da Romênia, e Marcel Ciolacu, líder do partido governista Social Democrata, ocupa o cargo de primeiro-ministro.
Após o anúncio da nova data, Ciolacu afirmou que mudanças foram introduzidas “para garantir que as regras sejam as mesmas para todos os candidatos, evitando a prática que tivemos nas últimas eleições, onde um instrumento de mídia social favoreceu um concorrente em particular”, sem mencionar Georgescu.
Denúncias de interferência russa e TikTok
A Romênia está em crise desde que as eleições presidenciais de novembro foram canceladas – uma medida extremamente incomum na Europa – depois que Georgescu, que era praticamente desconhecido antes da eleição, obteve uma vitória surpreendente no primeiro turno.
O Tribunal Constitucional da Romênia revogou a eleição, justificando que o primeiro turno da votação havia sido “prejudicado por múltiplas irregularidades e violações da legislação eleitoral”.
Documentos de inteligência do país listaram ataques cibernéticos, “ações híbridas russas agressivas” e promoção maciça de Georgescu nas mídias sociais no período que antecedeu a votação. Para as autoridades romenas, Georgescu teria recebido apoio ilícito por meio da plataforma TikTok.
Por sua vez, o político que tem uma plataforma política de críticas à Otan e é favorável à Rússia, contestou a anulação, acusando as autoridades do país de “um golpe de Estado formalizado”.
Com 62 anos, o ex-funcionário de alto escalão e antigo admirador do presidente russo Vladimir Putin, negou que estivesse ligado a Moscou.
Georgescu apresentou diversos recursos legais contra a anulação, inclusive perante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH). Contudo, não conseguiu reverter a anulação e novas eleições serão realizadas no país.
*Com AFP e TASS
Edição: Leandro Melito