Os três prefeitos vencedores da disputa de outubro nas capitais da região Sul – Eduardo Pimentel (Curitiba), Topázio Neto (Florianópolis) e Sebastião Melo (Porto Alegre) – não quiseram se manifestar sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a trama golpista articulada para mantê-lo no poder após a derrota eleitoral de 2022 e o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Nesta terça-feira (3), a Folha procurou as assessorias dos prefeitos eleitos pedindo uma manifestação deles sobre os fatos envolvendo Bolsonaro, mas eles preferiram não dar declarações. Todos os três políticos foram eleitos em alianças com o PL, sigla que foi responsável por indicar os respectivos candidatos a vice-prefeito nas chapas.
O atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), foi eleito prefeito em outubro com o ex-deputado federal Paulo Martins (PL) na cadeira de vice. Martins também já foi anunciado para ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Entre os padrinhos políticos de Pimentel está o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), também aliado de Bolsonaro. Em manifestação recente à Folha, Ratinho Junior disse que “indiciamento não é sinônimo de condenação”.
“É preciso aguardar até mesmo para que o trabalho de investigação não seja comprometido, e os acusados não sejam vítimas de qualquer juízo de valor precipitado”, declarou.
Já o prefeito eleito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), tem a vereadora Maryanne Mattos, do PL, como vice. Na campanha, Topázio recebeu o apoio do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, do PL.
Um dia após o indiciamento de Bolsonaro, o governador catarinense publicou em redes sociais uma foto ao lado do ex-mandatário e uma mensagem na qual diz que “o Brasil reconhece quem lutou pela pátria, família e liberdade”.
“Aqui, em Santa Catarina, o compromisso com os valores que nos unem é inabalável”, escreveu.
Reeleito prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) também tem um representante do PL na cadeira de vice, a veterinária e tenente-coronel do Exército Betina Worm.
O PSDB do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, não integrava a aliança de Melo. Em declaração recente, Leite reconheceu a gravidade dos fatos.
“Comprovados os indícios, todos os envolvidos nesta trama, em todos os níveis, precisam receber uma punição rigorosa. Qualquer ação que vise desestabilizar nosso sistema democrático deve ser severamente combatida”, disse.
Segundo a Polícia Federal, o ex-presidente planejou, atuou e teve domínio sobre o plano de ruptura institucional no país, que incluiria assassinato de autoridades.
Bolsonaro vem negando que tenha tentado um golpe de Estado. Ele está inelegível até 2030, por decisão da Justiça Eleitoral, em função das mentiras que propagou sobre o sistema eleitoral e do uso político de eventos ligados ao Bicentenário da Independência.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.