No empate de 1×1 contra a Venezuela, a seleção tinha dois grupos que pouco se comunicavam. Um da intermediária brasileira para trás, formado pelos quatro defensores, o volante Bruno Guimarães e, às vezes, Gerson. O outro, do meio para a frente, com os dois pontas, centroavante, o meia-atacante Raphinha e, às vezes, Gerson.
Como os atacantes são excelentes, rápidos e hábeis e os defensores da Venezuela são medianos e lentos, o Brasil criou várias chances de gol, ainda mais que a Venezuela achava que poderia ganhar e deixou muitos espaços na defesa.
Por outro lado, eles também criaram algumas oportunidades de gol, pois tinham liberdade para trocar passes na intermediária, devido à fraca marcação brasileira.
Mais uma vez faltou à seleção ser mais compacta e pressionar na recuperação da bola. O time brasileiro não pode dar tantas chances a um adversário tão inferior.
Gerson teve uma boa atuação, mas ainda tenho dúvidas sobre suas condições nessa sua posição. Ele tem muita habilidade e sai com facilidade da marcação, o que é muito bom, mas não tem as características de um meio-campista dinâmico, que marca, passa, avança e que atua como um elo entre os setores, virtude presente nos grandes jogadores meio-campistas.
Fora os dois laterais e o centroavante Igor Jesus, que novamente foram muito discretos, os outros, individualmente, atuaram muito bem, especialmente Vinicius Junior, apesar de ter perdido o pênalti.
Imagino que Rodrygo, quando se recuperar, será a melhor opção para a posição de centroavante.
Depois de enfrentar três fracos adversários —Venezuela é melhor que Chile e Peru—, o Brasil joga contra os quatro mais fortes nas próximas rodadas: Uruguai, Argentina, Colômbia e Equador. Há muito que evoluir. Ainda não dá para ficar otimista.
A derrota da Argentina para o Paraguai, que já tinha vencido o Brasil, é um consolo e uma justificativa de que todos os jogos são difíceis.
Não entendi por que, pela primeira vez, o técnico Scaloni não utilizou a estrutura usada desde a Copa do Mundo, um dos pontos fortes da equipe, o trio de meio-campistas, com Messi à frente dos três. O time jogou com dois volantes, dois meias de ligação (Messi e Mac Allister) e dois atacantes pelo meio.
A Argentina vive três grandes problemas: o primeiro é que o tempo não para, mesmo para Messi. O segundo, que raramente uma seleção ganhou duas Copas seguidas. O terceiro é achar um substituto à altura do craque Di Maria, cuja atuação sempre foi muito maior que o reconhecimento recebido.
Ainda não deu certo
Pelos noticiários e pelos relatos de pessoas que estão sempre nos estádios para trabalhar, torcer ou desfrutar do espetáculo, tem aumentado a violência dentro e fora de campo. Viu-se isso na recente emboscada de torcedores do Palmeiras contra os do Cruzeiro, que resultou na morte de um jovem torcedor, e nos graves tumultos e violência na Arena MRV, na decisão da Copa do Brasil entre Atlético-MG e Flamengo.
Essa violência é uma extensão da calamidade e da insegurança que existe no país. E há muitos outros graves problemas. O Brasil ainda não deu certo.
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