AGU aciona PF e CVM por desinformação envolvendo Galípolo


Órgão diz que as informações falsas “ganharam repercussão significativa” e afetaram a cotação do dólar

A AGU (Advocacia Geral da União) encaminhou, na noite de 4ª feira (18.dez.2024), ofícios à PF (Polícia Federal) e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pedindo a instauração de procedimentos policial e administrativo para apuração de possíveis crimes contra o mercado de capitais. Em nota, o órgão afirmou que a solicitação se deu depois de publicações falsas envolvendo Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC (Banco Central).

Conforme a AGU, “as postagens trazem posicionamentos desprovidos de qualquer fundamento”, mas que “ganharam repercussão significativa no mercado financeiro e em páginas e perfis especializados em análise econômica”, o que causou “impactos negativos na cotação do dólar”. 

As mensagens atribuídas ao futuro presidente do Banco Central teriam sido compartilhadas por um perfil no X (ex-Twitter) chamado Insiders Capital –que agora está desativado na rede social. Elas diziam que:

  • Nath Finanças era cotada para a diretoria do BC sob Galípolo;
  • Galípolo teria declarado que a “moeda do Brics salvaguardaria” o país da “extrema influência” do dólar;
  • Galípolo teria dito que alta do dólar era artificial e que a meta seria fazer a cotação da “moeda estadunidense retornar aos R$ 5 ainda em 2025”.

Galípolo nunca disse as frases citadas acima.

O pedido de investigação da AGU é feito por meio da PNDD (Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia), que foi acionada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República. 

No ofício, a PNDD afirma que a desinformação, ao interferir diretamente na percepção do mercado, comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial.

Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em Bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais”, lê-se em trecho do documento.

O dólar comercial renovou recorde e fechou a 4ª feira (18.dez) a R$ 6,27, o que representa uma alta de 2,82%. Trata-se da 5ª elevação seguida.

A procuradora nacional da União de Defesa da Democracia, Karina Nathércia Lopes, disse que a proteção e a promoção da integridade da informação exigem que o ecossistema digital ofereça informação confiável, consistente, clara e precisa.

 Manifestações em plataformas digitais não podem ser realizadas para gerar desinformação sobre políticas públicas nem minar a legitimidade das instituições democráticas, já que essas condutas podem causar prejuízos concretos ao funcionamento eficiente do Estado Democrático de Direito”, declarou.


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