José Luis de Oliveira Lima afirma que o tenente-coronel mentiu em delação premiada determinante para a prisão do general
O advogado do general Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, afirmou nesta 6ª feira (27.dez.2024) que pedirá uma acareação entre seu cliente e Mauro Cid. O procedimento tem o objetivo de confrontar e esclarecer informações prestadas à Justiça.
Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, Lima afirmou que Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mentiu em delação premiada. O depoimento dele foi determinante para a prisão de Braga Netto, em 14 de dezembro.
“O Cid prestou 11 depoimentos. Ele foi, voltou, mentiu, tentou corrigir a mentira. Quando estava sob risco de perder a delação, porque é um mentiroso contumaz, veio com um novo ingrediente”, disse.
Em uma audiência no STF (Supremo Tribunal Federal), realizada em 21 de novembro de 2024, Cid afirmou que Braga Netto entregou uma sacola de vinho contendo dinheiro durante uma reunião no Palácio do Planalto.
O valor seria destinado a custear ações relacionadas à tentativa de golpe de Estado em 2022, cujo objetivo era impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo Cid, Braga Netto mencionou que o dinheiro havia sido arrecadado do “pessoal do agronegócio”.
“Como é que pode dar credibilidade a uma fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado”, questionou Lima.
O advogado também disse que não teve acesso ao documento da delação premiada de Cid e que, por isso, não pode “exercer o direito de defesa”. Afirmou que pedirá a acareação assim que tiver o acesso.
Ele também voltou a descartar a possibilidade de Braga Netto fazer um acordo de delação premiada. Disse que o general não tem como usar o procedimento de defesa porque “ele não praticou crime algum”.
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE
Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa com Bolsonaro em 2022. Ele foi preso pela PF (Polícia Federal) como parte da Operação Contragolpe, que investiga o planejamento de uma tentativa de golpe em 2022 e do homicídio do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
A corporação afirma que Braga Netto também teria atuado para obter informações sobre a delação premiada de Mauro Cid e a obtenção e entrega de recursos financeiros para execução de monitoramento de alvos e planejamento de sequestros e, possivelmente, homicídios de autoridades.
O general é indiciado pela polícia pelos crimes de “promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa” sob pena de 3 a 8 anos de prisão.
Além disso, é indiciado pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos de prisão) e tentativa de golpe de Estado (4 a 12 anos de prisão).