A ‘Batalha de Berna’ foi um dos jogos marcantes da Copa de 1954 na Suíça


A derrota da seleção brasileira para a Hungria, por 4 a 2, teve violência em campo e confusão depois da partida

ASSOCIATED PRESSO brasileiro Pinheiro (e) disputa a bola com o húngaro Mihaly Toth durante partida entre Brasil e Hungria na Copa do Mundo de Futebol de 1954
O brasileiro Pinheiro (e) disputa a bola com o húngaro Mihaly Toth durante partida entre Brasil e Hungria na Copa do Mundo de 1954

Nessa semana já contei a minha saga em busca de áudios históricos do Mundial de 1950, disputado no Brasil. Em relação a 1954, a tentativa de encontrar gravações foi semelhante. As lembranças daquela competição, na Suíça, são bastante escassas. Registros, então, entram na categoria de raridades. Depois de muitos anos de pesquisa, em 2015 eu consegui a partida Brasil x Hungria, pelas quartas de final. A narração é da Rádio Nacional do Rio de Janeiro e foi obtida dos arquivos do Museu da Imagem e do Som.  

Por causa da precariedade da época, o jogo, disputado em Berna, infelizmente não está completo. Faltam os dois primeiros gols da equipe adversária. Há ainda uma curiosidade: em um determinado momento, a linha de transmissão, diretamente da Europa, perde qualidade. O locutor que está no estúdio do Rio de Janeiro então assume o comando e continua dando informações. 

HUNGRIA 4 × 2 BRASIL – Berna – 27.06.54

Hungria: Grosics, Buzánszky, Lorant, Lantos, Bozsik, Zakarias, Jozsef Toth, Kocsis, Hidegkuti, Czibor e Mihaly Toth.
Brasil: Castilho, Pinheiro e Nilton Santos; Djalma Santos, Brandãozinho e Bauer; Julinho Botelho, Didi, Índio, Humberto e Maurinho.

Árbitro: Arthur Ellis (Inglaterra).
Local: Wankdorf Stadium.
Gols no 1º tempo: Hidegkuti (4), Kocsis (7) e Djalma Santos (18).
Gols no 2º tempo: Lantos (15), Julinho (20) e Kocsis (43).
Expulsões: Bozsik, Nilton Santos e Humberto.

O jogo ficou conhecido como “Batalha de Berna”, pois, além da violência em campo, o clima continuou tenso depois da partida. Jornalistas, jogadores e dirigentes se envolveram em uma briga na entrada dos vestiários. O radialista Paulo Planet Buarque passou uma rasteira em um policial. O técnico Zezé Moreira contou o seguinte ao jornalista Teixeira Heizer: “O tumulto começou porque Puskás, que estava de roupa normal (ele não jogou a partida), aproximou-se de Pinheiro e estendeu a mão para cumprimentá-lo. Ao darem as mãos, o jogador húngaro aproveitou-se da ingenuidade do zagueiro e lhe deu um tapa. Ora, Pinheiro reagiu. Os dois estavam no hall que dava entrada às portas dos dois vestiários. Começaram a surgir jogadores dos dois times e a confusão se generalizou”.

Abaixo, ouça a partida contra a Hungria. No intervalo da transmissão da Rádio Nacional, torcedores brasileiros que estão ouvindo o jogo no Rio de Janeiro são entrevistados pela reportagem. Imperdível. 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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