Estamos em tempos de metaversos. Isso explica o fato de uma zebra ser vista praticamente ao mesmo tempo passeando em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, durante os excitantes campeonatos estaduais.
Em São Paulo, o Corinthians nem perdeu o jogo, mas perdeu nos pênaltis a vaga para o Ituano —que escapou do rebaixamento só na última rodada da primeira fase. Viva o regulamento do Paulistinha.
No Rio de Janeiro, o suprassumo Fluminense, campeão da Taça Guanabara, perdeu para o Volta Redonda, com direito a gol de Lelê —atacante do Voltaço que já foi comprado pelo… Fluminense. É o futuro jogador do Flu podendo tirar o Flu da final, algo meio “De Volta para o Futuro”.
E em Minas o Athletic venceu o Atlético no estádio Joaquim Portugal —os portugueses estão com tudo mesmo. A diferença é que no Rio e em Minas o duelo é ida e volta. Então, dá para derrubar a zebra em pleno galope.
Poucas horas depois, no Oscar, venceu o filme do metaverso, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, mas lá não teve zebra. Todo mundo que levantou a taça já era mais ou menos favorito.
Dava para transformar essa fase decisiva dos estaduais em uma bela cerimônia do Oscar, com direito a discursos emocionantes. O time do Palmeiras, que tem sempre participado de festas de premiação, fez até uma montagem engraçadinha em sua rede social, colocando Abel Ferreira em várias indicações —e vencendo por “11 Homens e um Troféu”; a ver ainda se o fake filme vitorioso terá mais uma sequência neste Paulistinha, tudo indica que sim.
O melhor discurso do fim de semana foi o do goleiro Jefferson Paulino, do Ituano, que foi às lágrimas ao lembrar da recente morte do jovem amigo Jian Kayo, que era o terceiro goleiro da equipe de Itu.
Emocionante.
Mas se tivesse prêmio de pior entrevista pós-jogo, iria para Hulk, do Atlético Mineiro. Hulk parece ser um sujeito legal, sabe o valor dos ídolos, já homenageou Reinaldo, o maior do Galo, mais de uma vez. Sempre dá autógrafos e faz selfies com torcedores. Parece boa-praça. Eu queria ser amigo de Hulk (e também do Homem de Ferro). Mas quando vai para aquela entrevista ainda no gramado, com a cabeça quente depois do apito final, Hulk é uma fera, muitas vezes destemperada. Desta vez, reclamou que faltou humildade para os jogadores do Athletic, só porque foi provocado. E a coisa de ser sempre perseguido pela arbitragem parece um roteiro eternamente não original, mais repetido que sequência de “Pânico”.
O Atlético Mineiro entrou em campo com time reserva —um bom time reserva—, pois está justamente mais preocupado com a Libertadores do que com o Mineirinho; e é o Athletic que não é humilde? Não, Hulk.
O atacante deveria estar acostumado com provocações depois de tanta água que passou embaixo da ponte de sua carreira. Mas continua caindo como novato.
O Ituano também poderia levar a estatueta de animação depois da surpreendente classificação para a semifinal. Nenhum time foi dormir mais animado. Quem diria que uma semana antes eles jogaram para escapar do rebaixamento… E Oscar de defeitos especiais de regulamento para quem inventou a fórmula do Paulistinha, claro.
Há alguns dias também entregaram o prêmio de participação curta-metragem para Felipe Melo (do Fluminense), sempre ele, que foi expulso depois de ficar um minuto em campo na final da Taça Guanabara. Mas, desta vez, achei que o volante foi injustiçado.
Oscar de time internacional vai para o Arsenal (uhu), com mais uma vitória, com gols de brasileiros e norueguês, todos com assistência de um belga. Mas o time é britânico, e o Oscar —e este escriba— adora times britânicos.
Nos próximos dias teremos mais candidatos a troféus surgindo e caindo, mais ou menos tudo em todo lugar ao mesmo tempo em que tiver rolando um estadual.
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