Pedro Álvares Cabral, o primeiro olheiro no Brasil – 14/03/2023 – Tostão


A formação de um bom elenco é fundamental para o sucesso de uma equipe. Não basta ter 11 ótimos jogadores. Alguns treinadores preferem grupos grandes, por causa do excesso de jogos, das muitas contusões, suspensões e também porque os técnicos gostam de trocar jogadores, deliram com os esquemas táticos. Outros treinadores preferem elencos menores, com uns 15 titulares, que se revezam a cada partida. Nas emergências, escalam outros atletas.

A troca frequente de treinadores no Brasil dificulta a formação de bons elencos. Os clubes costumam ser pressionados por conselheiros, redes sociais e opiniões de comentaristas. Isso, muitas vezes, ocasiona a chegada de jogadores fracos ou de custo-benefício muito alto. Alguns clubes contratam demais e mal.

O elenco ideal é o que tem alguns jogadores que atuem bem em mais de uma posição e que possuem dois jogadores bons e iguais para a mesma função. É difícil, pois atletas especiais não costumam ter um substituto à altura, como Renato Augusto.

O PSG, com alguns jogadores milionários, não tem um bom elenco, como ficou evidente na eliminação da Copa dos Campeões para o Bayern de Munique. Os jogadores do time francês que entraram no segundo tempo estão muito abaixo dos titulares. Enquanto isso, o Bayern colocou vários jogadores durante o jogo do mesmo nível dos titulares.

Não entendi por que o Manchester City perdeu dois excelentes laterais amadores: Zinchenko, que atua hoje no Arsenal, e Cancelo, que está no Bayern. Os dois jogam do jeito que Guardiola gosta. O elenco do City ficou enfraquecido.

O Flamengo possui o melhor elenco do Brasil, mas o Palmeiras é mais forte, pelo conjunto e por ter um time titular tão bom quanto ou melhor que o do Flamengo. Nenhuma equipe brasileira possui uma linha de quatro defensores e mais o goleiro do nível do Palmeiras. Além disso, jogadores como Zé Rafael, Dudu, Rony e Raphael Veiga estão entre os melhores de suas posições entre os times brasileiros.

O Flamengo perdeu a nítida superioridade que possuía anos atrás. Agora, jogos contra o Vasco e contra várias equipes brasileiras são duríssimos, equilibrados.

O elenco do São Paulo é grande e bom, mas não há um jogador especial. Por isso discordo da importância que dão às frequentes substituições por contusões como principal causa de maus desempenhos e resultados. O São Paulo continua intenso e apressado, com falta de elaborações de jogadas no meio campo.

No passado, um personagem popular, folclore na formação de um elenco eram os olheiros, que viajavam de ônibus para observar e descobrir futuros craques. Há várias lendas sobre isso. Alguns olheiros eram tratados como sábios. Certamente muitos fizeram indicações equivocadas.

Com o tempo, os olheiros foram substituídos pelos atuais analistas de desempenho, membros das comissões técnicas. São profissionais que usam todas as informações e conhecimentos modernos. Porem eles precisam também ser observadores, olheiros, para descobrir os detalhes de cada atleta. O fascínio de um craque não pode medido nem calculado.

O primeiro olheiro no Brasil foi Cabral. Logo que avistou a terra viu os índios jogando uma pelada. Cabral gritou: “BOLA à vista”. A tripulação desceu e jogou uma partida, vencida pelos índios por 7 x 1. Cabral escreveu para o rei dom Manuel: “Em se treinando, bom futebol dá”.


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