Organizações sindicais israelenses convocaram paralisações em diversos setores do país contra reforma do Judiciário
As decolagens de voos no aeroporto Ben Gurion, maior aeroporto de Israel, foram suspensas nesta 2ª feira (27.mar.2023). A medida faz parte de uma onda de paralisações realizadas em protesto à proposta de reforma do Judiciário, elaborada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Nesta 2ª feira (27.mar.), Pinchas Idan, líder sindical dos trabalhadores do aeroporto, comunicou a decisão durante encontro da Histadrut (Organização Geral de Trabalhadores de Israel), que convocou paralisações em diversos setores de Israel.
Os voos foram cancelados no aeroporto de Ben Gurionm. Passageiros precisam aguardar no saguão para continuar suas viagens.
AHORA: Caos en el aeropuerto Ben Gurion. pic.twitter.com/ItE5d3TR4l
— Palestina Hoy (@HoyPalestina) March 27, 2023
O presidente da Histadrut, Arnon Bar-Davi, convocou jornalistas depois de Netanyahu demitir o ministro da Defesa, Yoav Gallant. O então ministro contrariou a posição do governo e pediu a suspensão da reforma.
Com a presença de empresários e lideranças sindicais, outras paralisações e medidas de apoio aos protestos foram anunciados. Segundo a rádio israelense Kan, somente produtos perecíveis e medicamentos serão liberados nos portos; a educação especial nas escolas funcionará normalmente; os hospitais atenderão em formato emergencial e com redução de atividades; e empresas de grande porte anunciaram suspensão nas atividades.
O MCDonald’s em Israel também decidiu apoiar os protestos e anunciou que fechará as lojas diariamente as 18h, no horário de Brasília.
O anúncio foi publicado em hebraico no Twitter da rede de fast-food. “Como parte do fórum de negócios junto com a Histadrut, o Mc Donald’s Israel começará a fechar todas as suas filiais a partir das 12h, até o final do ano, a partir das 14h)”, diz a publicação.
ENTENDA
Israel é uma república parlamentarista. O Executivo é formado pelo grupo que fizer maioria no Legislativo. Netanyahu tem 64 dos 120 votos do Parlamento. Sua coligação é feita por 5 partidos de direita, alguns deles extremistas que nunca estiveram no poder.
Pelas novas regras que o governo quer passar, será possível ao Knesset (Parlamento de Israel) rever decisões da Suprema Corte.
O premier e oposicionistas divergem quanto à reforma. Por um lado, o governo acusa a Suprema Corte de interferir em temas que não são da sua alçada.
Por outro, a oposição acusa o governo de tentar enfraquecer um dos poderes para se fortalecer. Além disso, Netanyahu é investigado por suborno, fraude e quebra de confiança. Seus adversários dizem que a reforma seria uma “vendetta” pessoal contra o Judiciário.