O governador mineiro Romeu Zema (Novo) apontou que a indefinição em torno da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem atrasado a articulação de uma candidatura alternativa no campo da direita. O ex-presidente foi condenado a oito anos de inelegibilidade e está impedido de disputar a presidência em 2026.
No entanto, setores da direita apostam em uma possível reversão da decisão com a mudança na composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que passará a ser presidido pelos ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Essa indefinição sobre ele [Bolsonaro] ser ou não candidato, com toda certeza acaba postergando essa decisão e o trabalho que já poderia estar acontecendo”, afirmou Zema em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (19).
A presidência do TSE por Nunes Marques e Mendonça alimenta expectativas no campo da direita para reverter a inelegibilidade de Bolsonaro. Apesar disso, o próprio ex-presidente tem desestimulado discussões sobre nomes alternativos e descartou publicamente a possibilidade de lançar um de seus filhos como candidato, reafirmando que será ele o principal representante da direita.
Diante desse cenário, Zema tem se colocado como uma opção viável para liderar o grupo político caso Bolsonaro não consiga reverter sua situação.
“Eu posso, sim, ser considerado viável e vir a ser escolhido”, declarou o governador, que tem mantido conversas com outros líderes estaduais de direita para avaliar possibilidades.
Zema, no entanto, descarta a possibilidade de ser vice em uma eventual chapa liderada por outros governadores, como Ronaldo Caiado (União-GO) ou Ratinho Jr (PSD-PR). Ele argumenta que a trajetória e perfil político o qualificam para ocupar a posição principal.
“Pela minha experiência, sempre fui executor. Não tenho perfil de Parlamento, para deputado ou senador. Para estar no Executivo, tenho. Se for para ser alguém atuante, quero. Agora, para ter cargo simbólico, eu deixo para outro, não me interessa. Para ser rainha da Inglaterra, tem gente de sobra querendo”, pontuou.
Após o lançamento, o partido realizará agendas em capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes onde elegeu prefeitos.
“O que precisamos agora é fazer pesquisas e dar densidade eleitoral para o Caiado, divulgar as ideias dele, o que ele fez, para trazer tração para a campanha”, disse o presidente do partido, Antonio Rueda.
A candidatura de Caiado em 2026 é, ainda, uma alternativa à polarização entre Lula e um candidato que for apoiado por Bolsonaro. Embora o partido diga que pretende conseguir reverter a inelegibilidade do capitão para disputar novamente a presidência, a expectativa é de que outro nome seja lançado.
Este nome, no entanto, ainda é uma incógnita, visto que o mais forte na direita é o do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que já adiantou que pretende tentar a reeleição em São Paulo. Caiado, no entanto, também não deve ser o nome de Bolsonaro, já que eles entraram em atrito durante a eleição municipal de Goiânia, no ano passado.