O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta sexta-feira (17) que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), preste depoimento à Polícia Federal para esclarecer se o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, mantêm contato, apesar da proibição imposta pela Corte.
A ordem foi motivada por uma entrevista concedida pelo governador à Jovem Pan na segunda (13). Na ocasião, Mello disse que Valdemar “conversa muito” com Bolsonaro. “E o nosso presidente Valdemar conversa muito com o presidente Bolsonaro, que é o presidente de honra [do partido]. Espero que daqui um pouquinho eles possam conversar na mesma sala”, afirmou.
Durante a entrevista, o governador afirmou que Valdemar e Bolsonaro mantêm distância um do outro. “Ele [Valdemar] está amargurado agora porque o ministro Alexandre proibiu eles de conversarem. Tem o diretório nacional de Brasília e, quando o Bolsonaro está no escritório, ele fica lá no outro lado, em uma outra praça, a mais de 200 metros, para não conversarem”, disse.
Para Moraes, a declaração de Mello “indica possível violação às medidas cautelares impostas” pelo Supremo. Em fevereiro de 2024, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis para investigar uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Eles negam as acusações.
Bolsonaro e Valdemar foram alvos da operação, por isso foram proibidos de se comunicarem. A única exceção ocorreu em dezembro do ano passado, quando Moraes autorizou o contato dos dois durante a missa de sétimo dia da mãe de Valdemar. A PF tem 15 dias para ouvir o governador.
“Dessa maneira, para que os fatos sejam apurados, determino que a Polícia Federal proceda a oitiva do Governador do Estado de Santa Catarina, Jorginho Mello, no prazo de 15 (quinze) dias, para esclarecimentos sobre as suas declarações na entrevista que concedeu ao programa televisivo “Direto ao Ponto”, da emissora Jovem Pan News”, disse Moraes na decisão.
Em nota, o PL afirmou que Valdemar “reitera que não mantém qualquer contato” com Bolsonaro, “em respeito absoluto às determinações impostas pelo STF”. O partido disse ainda que “qualquer declaração em sentido contrário é fruto de equívoco ou mal-entendido”.