O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, usou as redes sociais para rebater o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que fez críticas recentes ao governo. Em publicação no X, Haddad alega que o político critica privilégios enquanto sancionou o aumento do próprio salário. O ministro também afirmou que a renegociação da dívidas dos estados sancionada pelo governo é melhor que o proposto pelo próprio governador.
“O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, usou esta rede para atacar o governo federal, mas, como é de praxe no bolsonarismo, esconde a verdade. Primeiro: esqueceu de mencionar que se reuniu comigo e apresentou uma proposta para a renegociação das dívidas bem menor que a aprovada e sancionada agora”, escreveu Haddad.
No início desta semana, Zema usou a mesma rede social para criticar as condições do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). O projeto cria regras mais flexíveis para a renegociação da dívida dos estados com a União – montante que chega a R$ 765 bilhões. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, cujos governadores são considerados de oposição, são os estados que mais devem.
“O governo federal quer que os estados paguem a conta de sua gastança. Com vetos ao Propag, Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bi a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias”, publicou Zema na última terça-feira (14).
“O governador também parece ter se esquecido de outra informação: o veto citado por ele simplesmente pedia que a União pagasse dívidas dos estados com bancos privados”, escreveu Haddad. A emenda citada pelo ministro, já havia sido criticada também pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron de Oliveira.
“Essa emenda previa que, se o estado saísse do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e fosse para o Propag, a União teria que honrar as operações de créditos. Mas isso não tem nenhuma relação com a União”, afirmou o secretário. Ceron chegou a pontuar ainda que os vetos de Lula não impactam “em absolutamente nada os montantes que os estados pagariam ao governo federal”.
Haddad criticou aumento de salário de Zema
Em sua publicação, Haddad segue as críticas ao relembrar o aumento de salário que Zema aprovou para si mesmo em 2023. “Em terceiro lugar, ele critica privilégios enquanto sancionou o aumento do próprio salário em 298%, durante a vigência do Regime de recuperação fiscal, inclusive”, escreveu Haddad.
Em julho de 2024, Zema incluiu no Plano de Recuperação Fiscal do estado uma exceção às regras do regime, para garantir um aumento salarial de 300% para si mesmo, para o vice-governador e para os secretários de Estado de Minas Gerais. O reajuste, sancionado por Zema em 2023, elevou os vencimentos mensais do governador de R$ 10,5 mil para R$ 37,5 mil.
À época, o governador justificou a medida como uma forma de solucionar a ‘inconstitucionalidade’ na remuneração, alegando que o salário do governador deveria ser o teto para as demais remunerações do estado, uma vez que havia funcionários com salários superiores ao dele. No entanto, a decisão gerou críticas devido ao momento fiscal delicado que o estado atravessava, como destacou Haddad em sua publicação.
Haddad já havia dito que governadores deveriam agradecer Lula pelo Propag
No início desta semana, em conversa com jornalistas no Ministério da Fazenda, Haddad elogiou a medida para renegociação de dívidas dos estados sancionada por Lula. De acordo com Haddad, a proposta vai além do que governadores, inclusive da oposição, haviam solicitada ao chefe da pasta econômica.
“Os cinco governadores que se reuniram comigo [para discutir o projeto] são de oposição aberta ao presidente e o projeto aprovado no Congresso vai muito além do que eles me pediram”, afirmou Haddad. “Se eu fosse um governador, mesmo da oposição, eu daria um telefonema agradecendo”, afirmou o ministro na última segunda-feira (13).
Romeu Zema, conforme esclareceu o ministro com o tweet hoje, foi um desses governadores. “Faz parte da vida política criticar, mas eles nem sonhavam que fosse possível um ato do presidente tão republicano quanto o que foi tomado”, afirmou o ministro.