Os advogados Armando de Mattos e Soraia Mendes discutiram, nesta quarta-feira (15), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), se o reforço do Exército brasileiro na fronteira com a Venezuela piora a relação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Nicolás Maduro.
Segundo apuração do analista de política da CNN Caio Junqueira, as Forças Armadas planejam seu maior exercício militar de 2025 próximo à fronteira venezuelana. Um dos objetivos é treinar tropas para uma eventual nova escalada de tensão com o regime Maduro.
Além disso, após a posse de Maduro, em 10 de janeiro, o país vizinho fechou a fronteira com o Brasil.
Batizada internamente de “Operação Atlas”, a ideia das Forças Armadas é que sejam deslocados já a partir do primeiro semestre grande parte do efetivo de veículos blindados e não blindados, além de estimados 8.000 oficiais.
Para Mattos, a relação entre os dois líderes acabam tendo um “impasse” com a adição das tropas do Exército.
“Cria um impasse, lógico, da preocupação que nós temos quando eles fecharam as fronteiras e agora, ele, Nicolás Maduro preocupado com tropas nossas ali”, comentou Mattos.
“É claro que fechamento com a fronteira da Venezuela para com o nosso país já acendeu uma luz amarela”, prosseguiu. “Mas precisamos treinar os nossos militares para qualquer tipo de intervenção naquela região, onde teremos a COP30, em Belém.”
Para Mendes, a ação pode piorar o relacionamento político entre os dois líderes.
“Pode ficar pior. Este é um exercício militar. As Forças Armadas fazem isso anualmente, não é algo que está acontecendo por conta da situação da Venezuela, mas é algo que pode ficar pior”, disse Mendes. “Porque o Maduro vai ler isso com as suas lentes para potencializar aquilo que ele coloca como ameaça externa”, complementou.
“[A relação entre] o governo brasileiro e o governo de Nicolás Maduro já ‘azedou’ faz um bom tempo. Nós recentemente tivemos a posse de Maduro, o presidente Lula não compareceu. A pessoa que representou o nosso país foi uma diplomata, uma embaixadora no país”, finalizou.