Nesta terça (14), o governo federal lançou o Programa Mais Professores para o Brasil. A política cria uma espécie de pé-de-meia para estudantes universitários de baixa renda que optarem por cursos de licenciatura – eles vão receber bolsa de R$ 1.050 por mês durante o curso. O programa também traz benefícios para professores atuantes que aceitarem ir para áreas onde há carência de docentes. Neste caso, os professores vão receber um adicional mensal de R$ 2.100 ao salário, por um período de dois anos. Segundo o governo, as ações são voltadas a melhorar o ensino básico no Brasil.
Em entrevista ao programa Central do Brasil desta quarta (15), Fernando Cássio, professor da Faculdade de Educação da USP, comenta que o novo programa visa atacar problemas como a desvalorização social da profissão, vagas ociosas nos cursos de licenciatura e barreiras que desviam pessoas das carreiras docentes. Porém, a política gera preocupações.
“O Ministério da Educação vem optando por políticas de bonificação individual em vez de políticas mais estruturais. Então a gente tem, por exemplo, uma política de pagar bolsas para professores que optem por trabalhar em determinadas regiões durante dois anos. Mas tem que se pensar o que fazer no sentido de sustentar uma política permanente de valorização de professores, para o depois dessa política de indução inicial. Como que a gente vai lidar com o problema de que grande parte dos municípios do país não cumprem a lei do piso do magistério? Então, isso também tem que fazer parte da discussão da política”, avalia.
Para o professor, a nova política não pode se limitar ao curto prazo.
“A gente tem uma política que está de fato atacando o problema, mas ela é uma política olhando para um curto prazo, para obter um efeito imediato de ter mais gente matriculada nos cursos de licenciatura, de induzir um outro tipo de perfil de estudante nos cursos de licenciatura, mas essa política não vai resolver se não olhar para o que vai acontecer depois. Como vão ser as condições de trabalho? Como vão ser os salários? Como vão ser as carreiras nessas redes de ensino para onde irão essas pessoas? Tem que pensar no depois, senão, a gente só vai ter uma política que cria o barulho, mas que não contribui para a valorização da docência.”
Fernando Cássio também comentou sobre a lei sancionada por Lula nesta semana, que limita o uso de celulares em escolas públicas e privadas no país. Para ele, existem desafios para fazer com que a lei seja efetivamente implantada.
“No país, várias redes de ensino estaduais e municipais estão na contramão desse movimento, adotando políticas de plataformização educacional que estimulam os estudantes a usar o celular. Então, a gente vai ter que discutir como a lei federal, que é uma lei muito bem-vinda, vai chegar nessas redes estaduais e municipais.”
A análise completa está disponível no canal do YouTube do Brasil de Fato.
Veja também
Fake news
Parlamentares bolsonaristas disseminam mentiras sobre pix nas redes sociais. Combater essa desinformação é o primeiro desafio de Sidônio Palmeira à frente da Secretaria de Comunicação Social da presidência.
Muro
Prefeitura de São Paulo constrói muro na Cracolândia, e organizações de direitos humanos denunciam confinamento de usuários de drogas.
O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Nicolau Soares