O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarou nesta terça-feira (14) que Pequim “tomará medidas firmes para salvaguardar os direitos e interesses legítimos e legais das empresas chinesas” diante das novas regras de exportação para chips avançados usados para inteligência artificial (IA), anunciadas pelos Estados Unidos.
Na avaliação do representante chinês, os EUA “têm exagerado o conceito de segurança nacional, politizando e armando questões comerciais e tecnológicas, e abusando dos controles de exportação para reprimir maliciosamente a China”.
“Isso sabotou seriamente as regras de mercado e a ordem econômica e comercial internacional, desestabilizou a cadeia industrial e de suprimentos global e prejudicou os interesses da China, dos EUA e da comunidade empresarial em países ao redor do mundo”, denunciou Guo.
O porta-voz chinês defendeu que a Inteligência Artificial “é um bem comum da humanidade e não deve se tornar um jogo para os países ricos ou ser usada para gerar outra divisão de desenvolvimento”.
Guo afirmou que o “verdadeiro propósito” da medida “é privar os países em desenvolvimento, incluindo a China, do direito de fazer seu próprio progresso na ciência e no desenvolvimento”. Para o governo chinês, as mudanças ainda prejudicam o interesse comum global de promover a IA “para o bem”.
A nova regulamentação anunciada pelo governo do presidente Joe Biden na última segunda-feira (13) atualiza os controles sobre chips, exigindo autorizações especiais para sua exportação, reexportação e transferências dentro dos Estados Unidos, além de incluir uma série de exceções para países considerados aliados.
Os centros de dados de IA terão que atender a parâmetros de segurança aprimorados para poder importar chips, em um novo esforço para dificultar o acesso da China e outros rivais de Washington para estes componentes.
As restrições seguem as anunciadas em 2023 sobre a exportação de certos chips de IA para a China, que os Estados Unidos veem como um concorrente estratégico no campo de semicondutores avançados.
Novas proibições
O governo dos Estados Unidos também anunciou, nesta terça-feira (14), a proibição da venda de veículos conectados que incorporem tecnologia chinesa ou russa, tanto componentes quanto softwares, por considerá-los “um risco à segurança nacional”.
A proibição, destinada a “proteger a cadeia de suprimentos de veículos conectados de ameaças externas”, será implementada gradualmente, começando em 2027 para software e em 2029 para equipamentos, informou o Departamento do Comércio estadunidense.
Fabricantes ocidentais como a Volvo, grupo sueco controlado pela Geely da China, assim como a Polestar, a Buick (da GM) e a Lincoln (subsidiária da Ford) vendem veículos fabricados na China no mercado dos EUA. A Tesla também produz, em território chinês, veículos elétricos para exportação.
“Os carros não são mais apenas aço sobre rodas, eles são computadores. Eles têm câmeras, microfones, dispositivos de GPS e outras tecnologias conectadas à Internet”, disse a secretária de Comércio que está deixando o cargo, Gina Raimondo.
“Com essa decisão, o Departamento de Comércio está estabelecendo as regras necessárias para proteger a privacidade dos estadunidenses e a segurança nacional, ao manter longe nossos adversários e sua capacidade de manipular essas tecnologias para acessar informações sensíveis”, acrescentou.
O escopo da medida abrange veículos particulares. O Departamento de Comércio estima que a cadeia de suprimentos para ônibus e caminhões é mais complexa. Os ônibus vendidos pela chinesa BYD na Califórnia não estão incluídos na proibição, por exemplo.
“Regras específicas serão apontadas em um futuro próximo” para esses veículos, disse o Departamento de Comércio.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito