O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que um relatório complementar sobre a suposta tentativa de golpe de Estado está sendo preparado pelos investigadores. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 39 pessoas foram indiciados no inquérito em novembro.
Em entrevista ao jornal O Globo, divulgada nesta segunda-feira (6), Rodrigues destacou que a PF não passará “a mão na cabeça de ninguém, seja militar, policial, profissional liberal”. No dia 11 de dezembro, quase um mês após o relatório final indiciar 36 pessoas, a PF incluiu mais quatro militares na lista.
O novo parecer complementar, assim como o apresentado em dezembro, será feito com base nas diligências conduzidas a partir da Operação Contragolpe. Com isso, a lista de indiciados pode aumentar. A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa o caso para decidir se apresentará ou não denúncia contra os envolvidos.
“A PF não entra em tema político-partidário. Nós não vamos perseguir nem proteger ninguém. Se houver um fato novo que atenda aos requisitos jurídicos, técnicos e legais, é possível, sim, que outras prisões ocorram. Ninguém está imune à legislação”, disse o diretor-geral ao Globo ao ser questionado sobre a possibilidade de novas prisões.
“Todos temos o mesmo sentimento de que precisamos separar as instituições daquelas pessoas que se desviaram. Inclusive, um policial federal já foi preso. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém, seja militar, policial, profissional liberal”, acrescentou.
Rodrigues disse que o general e ex-ministro Walter Braga Netto foi preso porque “ficou demonstrado que ele estava tentando interferir na delação” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para tentar obter informações sobre a investigação. Braga Netto está preso desde 14 de dezembro do ano passado.
Bolsonaro nega ter participado da suposta tentativa de golpe e afirmou que PF usou a “criatividade” para indiciá-lo. Já a defesa de Braga Netto afirmou que vai comprovar que não houve obstrução das investigações.
Cid relatou à PF que o general teria dito que o “pessoal do agro” teria dado dinheiro para custear ações do suposto plano intitulado Punhal Verde e Amarelo. Rodrigues apontou que o financiamento do suposto golpe foi pulverizado, sem grandes valores, mas destacou que a informação do tenente-coronel está sendo investigada.
“Vai ser apurado exatamente de onde saiu esse valor. Mas são detalhes que não interferem no seio da investigação, que apontou cabalmente a tentativa de golpe”, frisou o chefe da PF.