Entidade afirma que a ideia é criar um consenso em torno de metas fiscais e de políticas econômicas para “neutralizar o nervosismo do mercado e estabilizar o câmbio”
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, propôs nesta 2ª feira (6.jan.2025) um “pacto nacional” entre os Três Poderes, empresários e trabalhadores para impulsionar o crescimento econômico e evitar uma recessão.
Segundo a CNI, a ideia é criar um consenso em torno de metas fiscais e de políticas econômicas estruturantes, assegurando que, enquanto se busca o equilíbrio das contas públicas, haja também estímulos seletivos que assegurem a continuidade dos investimentos.
“A convergência entre o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Judiciário, somada à participação dos governos estaduais e municipais, configuraria um passo fundamental para a mitigação de riscos, pois envolveria regras claras de responsabilidade fiscal associadas a estímulos para setores estratégicos, como a indústria e o agronegócio”, disse Alban em comunicado. Eis a íntegra da nota (PDF – 252 kB).
A entidade alerta que, apesar de a economia brasileira ter iniciado o ano de 2024 com índices positivos, as desconfianças do mercado acerca da política fiscal do governo e fatores externos ajudaram na piora de alguns aspectos no 2º semestre, como a desvalorização do real e a alta na Selic –taxa básica de juros.
“O debate sobre o rumo da política fiscal e monetária acentuou-se justamente porque, apesar de as medidas de corte de despesas propostas pelo Executivo terem sido aprovadas no Legislativo, a magnitude da contenção (próxima a R$ 70 bilhões em 2 anos) não elimina, sozinha, a necessidade de um pacto mais abrangente”, escreveu.
Alban afirma que caso as medidas sejam implementadas já no início deste ano, será possível “neutralizar o nervosismo do mercado, estabilizar o câmbio em um patamar compatível com a competitividade externa” e evitar que a manutenção de juros elevados torne a dívida pública ainda mais “onerosa”.
“O grau de sucesso nessa empreitada depende, em larga medida, de uma coordenação efetiva: todos os níveis de governo, o setor produtivo e a força de trabalho precisam se unir num esforço consensual para dissipar expectativas negativas e imprimir ao país um novo ciclo de expansão inclusiva e duradoura”, afirmou o presidente da CNI.
DÓLAR E SELIC
O dólar comercial fechou 2024 cotado a R$ 6,18, com alta de 0,22% no último pregão do ano, em 30 de dezembro. Subiu 27,3% em 2024. O real foi a 6ª moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar no ano, segundo levantamento do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
O ano de 2024 foi o 1º em que o dólar fechou acima de R$ 6,00. Ultrapassou a marca pela 1ª vez em 29 de novembro. Atingiu o pico anual e recorde nominal da série histórica em R$ 6,27 em 18 de dezembro.
Já a taxa básica, a Selic, deve subir para 15% ou mais em 2025, patamar que não atinge desde 2006. O juro base está em 12,25% ao ano, mas o Banco Central indicou que irá subir em mais 2 pontos percentuais. Segundo o Boletim Focus, os agentes financeiros esperam uma alta de até, pelo menos, 15% em julho.
O Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que elevará o juro base nas duas próximas reuniões. A Selic terminou 2024 a 12,25% ao ano. O colegiado indicou que vai elevar em 1 ponto percentual em janeiro e mais 1 ponto percentual em março.