O bitcoin caminha com folga para encerrar 2024 como o ativo que mais trouxe rendimento aos investidores — mantendo o posto já alcançado em 2023.
Diante deste cenário positivo, analistas do mercado cripto já começam a prever novos tetos históricos, com a moeda rompendo a máxima de US$ 200 mil (R$ 1,2 milhão) nos próximos meses.
Entre os fatores que deram força ao bitcoin, há o amadurecimento do mercado após o órgão regulador do mercado dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), aprovar ETF da cripto, em janeiro, e, sobretudo, a vitória de Donald Trump à Casa Branca, no fim de outubro.
Desde o início do ano até esta quinta-feira (26), a cripto mais que dobrou de valor, passando da faixa de US$ 44 mil (R$ 271,5 mil, na cotação atual) para ao redor de US$ 95,7 mil (R$ 590,4 mil) — mostrando uma perda de fôlego após sucessivos recordes que jogaram a cotação para acima de US$ 106 mil (R$ 654 mil) na semana passada.
Após mais um ano estrelado, o que esperar para o bitcoin a partir de 2025?
Para analistas ouvidos pela CNN, a manutenção da moeda ao redor de patamares históricos está associada justamente ao fator que impulsionou a cripto nos últimos meses: as expectativas pelo governo Trump.
Entre os acenos feitos pelo republicano ao mercado cripto, a promessa da criação de uma reserva em bitcoin — semelhante ao que os EUA já possuem com petróleo — foi um dos grandes alicerces para a disparada da moeda.
“Tudo isso gerou um cenário positivo para o mercado cripto, uma vertente mais institucional, aceita pelo mercado, gestores e governo, o que naturalmente aumentou a demanda e o preço desses ativos. A expectativa de cortes de juros mundo a fora fez aumentar o apetite por ativos de renda variável como o mercado cripto”, destaca Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.
BTC em US$ 200 mil?
A sucessiva quebra de recordes nos últimos meses elevou as expectativas para o mercado no ano que vem.
Segundo Alves, projeções mais otimistas já apontam para a moeda superando o patamar de US$ 200 mil — enquanto outras análises são ainda mais otimistas.
“Independentemente de preço-alvo, essa visão mais institucional vai acabar gerando credibilidade não só para o bitcoin, mas para as outras moedas”, explica.
“Com a democratização das plataformas e o aumento do nível de consciência dos investidores desse mercado, devemos ver mais pessoas se inserindo nele, com o olhar de investimento, e não apenas especulação ou ‘aposta’”.
Na mesma linha, Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB), destaca que o avanço do dólar torna a cripto hedge contra o descontrole fiscal e a desvalorização do real.
“Se olharmos os possíveis cenários do dólar contra o real, aqui no Brasil, é muito factível falarmos em bitcoin a R$ 1 milhão”, disse o diretor.
Em contrapartida, esses investidores estariam suscetíveis a riscos, como oscilações bruscas de preços, regulação em processos muito mais lentos do que o avanço da tecnologia mundialmente, ou ainda uma eventual crise econômica, que naturalmente acabaria desinflacionando ativos de renda variável como as criptomoedas.
Para esse cenário não acontecer, Alves pontua que vai depender do decorrer das regulamentações governamentais mais favoráveis, o que facilitará a aceitação do público e sua adoção no dia a dia.
Ele acrescenta que isso tenderá a impulsionar a moeda digital a ser um ativo corrente, com alta liquidez, e de certa forma universal, pois poderá ser aceita em praticamente qualquer lugar com conexão à internet.
Para Tota, a recomendação para se proteger desses riscos é fazer alocações substanciais em bitcoin, prioritariamente.
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