“Os dois silos do Beato e da Trafaria estão encerrados”, avançou Célia Lopes, dirigente do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), afeto à CGTP, à Lusa, sublinhando, que, no que diz respeito ao silo em Vale de Figueira, em Santarém, não tem informação sobre o impacto da greve.
“Mas esse tem apenas dois trabalhadores. Não é muito impactante em termos de abastecimento”, referiu.
A agência Lusa tentou contactar a Silopor, mas ainda não obteve resposta.
Segundo a dirigente sindical, no silo do Beato “a paralisação decorre deste o início da manhã”, enquanto na Trafaria a empresa ainda tentou recorrer a prestadores de serviço para suprimir a falta dos trabalhadores que estão em greve, o que obrigou o “sindicato a intervir”.
Em comunicado enviado no final da manhã, o CESP indicou que em causa estiveram “os trabalhadores contratados para a limpeza e manutenção pela empresa prestadora de serviços WSP” que estiveram “a fazer a descarga dos camiões, substituindo os seus colegas em greve”, o que levou o sindicato a denunciar “esta ilegalidade à ACT”.
Os trabalhadores da Silopor cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve, “pela manutenção da empresa no setor empresarial do Estado, com gestão pública e pela recuperação do tempo de serviço congelado no período da ‘troika'”, segundo a nota emitida pelo CESP.
O CESP defende que, “estando saldada toda a dívida herdada da EPAC (que colocou a Silopor em liquidação em 2000), deve ser revogado o decreto-lei que coloca a Silopor em liquidação — e a Silopor deve ser mantida na esfera do setor empresarial do Estado, com garantia de que a gestão continua a ser pública, prolongando o contrato de concessão para o limite dos 75 anos (como, aliás, já ocorreu com outras empresas que operam nos portos do país)”.
O sindicato disse ainda que não aceita “soluções que passem por privatizações encapotadas” e exige ser recebido pelo primeiro-ministro, “face à falta de respostas concretas do Ministério das Finanças”.
Além da manutenção como empresa do setor empresarial do Estado, os trabalhadores da Silopor exigem a “contagem integral do tempo de serviço com reposição na carreira dos trabalhadores do tempo congelado no período da ‘troika'” e o “aumento dos salários de todos os trabalhadores em 15%, no mínimo 150 euros”.
Em liquidação desde 2001 por decisão da Comissão Europeia, mas a dar lucro desde 2016, a Silopor pertence ao setor empresarial do Estado e é gerida por uma comissão liquidatária cujo mandato foi prolongado até junho de 2025, a mesma altura em que acaba o contrato de concessão do Porto de Lisboa à empresa.
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