Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal identificaram operários em “condições análogas à de escravos” em construção de fábrica em Camaçari (BA)
Uma força-tarefa do Ministério Público do Trabalho, da Polícia Federal e de outras organizações resgatou 163 trabalhadores em “condições análogas à de escravos” e interditou obras para construção de uma fábrica da montadora BYD em Camaçari, na Bahia.
Segundo comunicado divulgado nesta 2ª feira (23.dez.2024), operários estavam em condições precárias, dormindo em camas sem colchões e com um banheiro para cada 31 pessoas. Eis a íntegra da nota (PDF – 2 MB).
Uma das empreiteiras contratadas para realizar a obra é a Jinjiang Group –que participará de audiência com o Ministério do Trabalho e com o Ministério Público do Trabalho na 5ª feira (26.dez) para apresentar providências a serem tomadas para regularizar a situação.
“As condições encontradas nos alojamentos revelaram um quadro alarmante de precariedade e degradância. No primeiro alojamento da Rua Colorado, os trabalhadores dormiam em camas sem colchões, não possuíam armários para seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação. A situação sanitária era especialmente crítica, com apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores, forçando-os a acordar às 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30”, diz o Ministério Público do Trabalho.
A nota do MPT afirma que as instalações ficam interditadas até a “completa regularização” da situação com os órgãos que compõe a força-tarefa.
O Poder360 procurou a BYD por meio de e-mail para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito do caso. A assessoria informou que enviará um posicionamento “logo mais”. O texto será atualizado quando essa manifestação for enviada.
Em 3 de dezembro, a BYD solicitou o cancelamento do visto das pessoas envolvidas em exploração de trabalho na construção da nova planta da montadora em Camaçari, na Bahia. A informação foi dada pelo vice-presidente sênior da empresa no Brasil, Alexandre Baldy, em evento no local nesta 2ª feira (2.dez.2024). Ele disse ter enviado o pedido ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, também presente no evento.
No entanto, o Poder360 não foi autorizado a visitar as instalações dos trabalhadores, bem como qualquer outro local não predefinido pela organização.
Uma reportagem da Agência Pública apontou que trabalhadores chineses de empresas terceirizadas estariam sendo submetidos a jornadas de até 12 horas diárias, sem folga semanal e sem acesso à água potável. Há relatos de agressões físicas por parte de superiores, incluindo chutes.