O principal partido de oposição da Coreia do Sul ameaçou nesta segunda-feira (23) avançar com o impeachment do presidente interino Han Duck-soo se ele não aprovar um projeto para iniciar uma investigação de um conselho especial sobre a tentativa fracassada do presidente Yoon Suk Yeol de impor Lei Marcial no país.
Han, que é primeiro-ministro, assumiu o cargo de Yoon de maneira provisória, após ele ter sofrido impeachment em 14 de dezembro. O caso está sendo analisado pelo Tribunal Constitucional sobre se deve destituí-lo ou reintegrá-lo.
Com maioria no Parlamento, o Partido Democrático (DP), da oposição, aprovou um projeto neste mês para nomear um conselho especial para processar acusações de insurreição, entre outras, contra Yoon e investigar a esposa do presidente por um escândalo envolvendo uma bolsa de luxo e outras alegações.
O partido, que acusou Han de auxiliar a tentativa de Lei Marcial de Yoon e o denunciou à polícia, afirmou que “imediatamente iniciaria um processo de impeachment” contra o presidente interino se o projeto não fosse promulgado até terça-feira (24).
“Os atrasos mostram que o primeiro-ministro não tem intenção de cumprir a Constituição, e equivale a admitir que ele está agindo como um representante do insurgente”, alegou o líder do Partido Democrata, Park Chan-dae, em uma reunião da legenda, referindo-se a Yoon.
Han Duck-soo ocupou cargos de liderança na política sul-coreana por 30 anos sob presidentes conservadores e liberais. Yoon o nomeou primeiro-ministro em 2022.
O gabinete dele não pôde ser contatado para comentar o caso. Ele disse anteriormente que tentou bloquear a declaração de Lei Marcial de Yoon, mas se desculpou por não fazê-lo.
O Partido do Poder Popular, do qual o presidente Yoon Suk Yeol faz parte, acusou o DP do que chamou de “política de impeachment” e tomar o destino político de Han como “refém” para forçar a aprovação do conselho especial, apesar de várias investigações em andamento.
Acusações de obstrução da investigação na Coreia do Sul
Park Chan-dae também acusou Yoon de dificultar o julgamento do Tribunal Constitucional ao se recusar a aceitar documentos judiciais, destinados principalmente a notificá-lo sobre o início do julgamento.
“Qualquer atraso na investigação e nos julgamentos de impeachment é uma extensão da insurreição e um ato de planejar uma segunda”, advertiu Park.
Um porta-voz do Tribunal Constitucional ressaltou nesta segunda que decidiu considerar a recusa do gabinete presidencial em receber os documentos como entrega concluída e prosseguir com o julgamento.
Uma equipe conjunta de investigação, incluindo a polícia e o Escritório de Investigação de Corrupção para Oficiais de Alto Nível, fez uma segunda tentativa de chamar Yoon para interrogatório em 25 de dezembro, embora não esteja claro se ele comparecerá.
Seok Dong-hyeon, um advogado que ajuda a formar a equipe de defesa de Yoon, disse a repórteres que o cliente não está atrasando o julgamento, mas precisa de tempo para se preparar e que responderia a quaisquer investigações após uma decisão sobre o impeachment ser tomada.
Woo Jong-soo, chefe de investigação da agência policial nacional, argumentou ao Parlamento nesta segunda que a polícia tentou entrar no escritório de Yoon duas vezes, mas o serviço de segurança presidencial negou a entrada.
Woo disse que sua equipe enviou uma solicitação para preservar evidências, incluindo um servidor telefônico seguro.
Quem é Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul