Adanilo sobre papel não indígena em “Volta Por Cima“: “Quebrar estereótipos“


Após estrear em novelas ao interpretar a versão mais jovem do personagem Deocleciano em “Renascer” (2024), o ator Adanilo, 34, celebra o segundo papel na teledramaturgia em menos de um ano.

O artista vive Sidney na produção “De Volta Por Cima”, da TV Globo. Motorista de ônibus, o personagem tem o objetivo de promover discussão sobre masculinidade na obra. 

“São novelas diferentes em quase tudo. Em ‘Volta por Cima’, abordamos tudo de maneira mais leve, temos outros registros de interpretação. Você atua para fora, exagera um pouco, é mais brincado. ‘Renascer’ era mais denso, mais para dentro, mais pausado. É interessante para o trabalho do ator passear entre diversas possibilidades. Isso me interessa muito”, diz Adanilo em entrevista à CNN.

Original de Manaus, capital do Amazonas, o ator não retrata um papel indígena. Ele destaca a importância de poder viver outras identidades, sem deixar a sua de lado.

“Meu personagem não retrata nenhum contexto indígena. Mas ele não deixa de ser indígena por causa disso, afinal de contas eu sou indígena e não tenho como e nem quero dissociar isso de mim. Só não é uma questão direta na trama. De fato, essa abordagem me interessa. Uma das questões de nós intérpretes indígenas é desestigmatizar nossos corpos, quebrar estereótipos, propor novas formas de pensar sobre contextos originários do Brasil.”

O artista também destaca semelhanças com Sidney.

“É uma novela que se passa na periferia, eu sou da periferia de Manaus. Só por isso já me identificaria facilmente, mas além disso, tem diversos outros atrativos. Ele toca numa roda de samba, eu amo samba e pagode, já até tive um grupo amador de pagode. Ele participa de um grupo de bate-bolas, manifestação artística dos períodos de carnaval do Rio de Janeiro. Eu sempre participei de grupos culturais de Manaus, como ciranda, também sou muito ligado no boi-bumbá, umas de nossas festas mais tradicionais do Amazonas”, comenta.

Sobre a representatividade indígena nas telas, Sidney ressalta que ainda há “um caminho longo a percorrer”.

“Apesar disso, quero ressaltar nomes de alguns atores e atrizes indígenas para celebrar: Zahy Tentehar, Lian Gaia, Igor Pedroso, Danilo Canindé, Dandara Queiroz, Kay Sara, Rosa Peixoto, Ermelinda Yepario. São apenas alguns dos nomes que estão protagonizando nossas histórias, que merecem e devem ocupar os lugares que nos foram renegados tantas vezes.”

“Num país como o Brasil, onde viver de arte é sinônimo de luta, me sinto agraciado por poder fazer o que faço. Ainda mais quando recordo os caminhos que trilhei, de onde eu vim e de onde vieram os meus”, diz o ator.

“De vez em quando infelizmente acabo sofrendo algum episódio de racismo por ser indígena ou xenofobia por ser da Amazônia. Isso em qualquer área da minha vida, não só no meu trabalho. Ainda é genérica a opinião de muitas pessoas sobre nossas existências”, finaliza Adanilo.

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