Dois jornalistas que trabalhavam para veículos de mídia curdos na Turquia foram mortos no norte da Síria na quinta-feira (19) depois que seu veículo foi supostamente alvejado por um drone turco, afirmaram a mídia turca e um partido pró-curdo.
Relatos informaram que Nazim Dastan e Cihan Bilgin foram mortos perto da Represa Tishrin, a cerca de 90 km a leste de Aleppo, enquanto cobriam combates entre forças apoiadas pela Turquia e uma milícia curda síria central para as Forças Democráticas Sírias (SDF) apoiadas pelos Estados Unidos.
Em um discurso no parlamento turco nesta sexta-feira (20), Gulistan Kilic Kocyigit, copresidente do Partido DEM, condenou o assassinato dos jornalistas.
“Este ataque é um crime contra a humanidade”, exclamou ela. “Pedimos ao governo turco que aborde imediatamente a questão e garanta que as proteções à imprensa sejam mantidas.”
Autoridades turcas não comentaram imediatamente sobre o incidente.
Segundo o site de notícias Bianet, os dois jornalistas eram conhecidos por sua cobertura do conflito sírio, incluindo extensas reportagens sobre questões curdas e o Estado Islâmico.
A Turquia vê a milícia YPG, que lidera a SDF, como uma extensão do ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), cujos militantes lutam contra o estado turco há 40 anos.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.