Governo do Reino Unido aprova venda do Royal Mail


O serviço de correios será adquirida por grupo tcheco por £ 3,6 bilhões; funcionários fizeram paralisações ao longo de 2024

O governo do Reino Unido aprovou nesta 2ª feira (16.dez.2024) a venda do serviço de correio Royal Mail. O grupo tcheco EPH, do bilionário Daniel Kretinsky, pagará £ 3,6 bilhões (cerca de R$ 27,6 bilhões, na cotação atual) para adquirir o serviço postal britânico.

O Royal Mail, criado em 1516, foi privatizado em 2013 e adquirido pela britânica IDS (International Distribution Services). O acordo com o EPH deve ser concretizado no início de 2025. Será a 1ª vez que o Royal Mail será controlado por um proprietário estrangeiro. Eis a íntegra do comunicado do governo britânico (PDF – 210 kB, em inglês).

Dentre os termos do acordo, o EPH concordou em manter a sede do serviço no Reino Unido por 5 anos. Também declarou que não alterará a estrutura corporativa do Royal Mail por 3 anos.

A empresa também chegou a um acordo inicial com os sindicatos, que inclui o recebimento de uma parcela de 10% de quaisquer dividendos pagos a Kretinsky.

A negociação também inclui a formação de um grupo de funcionários que se reunirá mensalmente com os diretores do Royal Mail para dar aos funcionários uma voz mais ampla sobre como o serviço é administrado.

GREVES EM 2024

Funcionários do Royal Mail fizeram paralisações ao longo deste ano. Os trabalhadores reivindicavam pelo fim da obrigatoriedade de entregar cartas de 2ª feira a sábado por um preço único. A distribuição de correspondências 6 dos 7 dias da semana é obrigatório desde 2011. O EPH afirma que manterá este sistema enquanto for proprietária do serviço.

As greves também foram motivadas pelo baixo desempenho do serviço em 2023. O Royal Mail relatou um prejuízo de £ 1 bilhão no ano passado, com os chefes culpando as greves e a baixa produtividade.

O Royal Mail também cortou 10.000 empregos em 2023. Segundo os diretores, menos entregas –e, consequentemente, funcionários– eram necessárias porque o volume de cartas enviadas caiu de 20 bilhões para 7 bilhões em 20 anos.

Os funcionários também reivindicaram melhores condições de trabalho e aumento salarial durante as paralisações em 2024.

CORREIOS NO BRASIL

Assim como o serviço britânico, os Correios no Brasil também enfrentam dificuldades. A atual gestão da estatal no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve, de janeiro a setembro, o maior prejuízo da história no período. Foram R$ 2 bilhões. Se continuar nesse ritmo, deve superar o deficit de 2015, de R$ 2,1 bilhões, registrados quando Dilma Rousseff (PT) era a titular do Palácio do Planalto.

Por causa da deterioração das contas, os Correios decretaram em outubro um teto de gastos para o ano, de R$ 21,96 bilhões. A definição foi informada aos gestores em 11 de outubro. O documento foi colocado sob sigilo. O Poder360 teve acesso. Eis a íntegra (PDF – 420 kB).

Foram determinadas outras 3 ações para reduzir o rombo nas contas:

  • suspender contratações de pessoal terceirizado por 120 dias – apesar de ter milhares de funcionários, os Correios costumam contratar mão de obra extra em algumas circunstâncias. Essa prática está suspensa;
  • cortar preço de contratos – renegociar e reduzir, no mínimo, 10% dos valores dos acordos que estão em vigor;
  • encerramento de contratos – prorrogação só poderá ser feita com a economia das renegociações.

Os Correios esperavam receitas de R$ 22,7 bilhões em 2024. Agora, revisaram para R$ 20,1 bilhões. Mesmo que o teto de gastos funcione plenamente, ainda haverá um prejuízo de ao menos R$ 1,7 bilhão.

Ao justificar as medidas, os Correios afirmaram ser preciso evitar o risco de “insolvência”. Ou seja, há o risco de a empresa quebrar e precisar ser resgatada pelo Tesouro.


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