Lula detalha momentos antes de cirurgia: “Preocupação da Janja era não me deixar dormir”


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) detalhou, neste domingo (15), os momentos que passou antes de realizar uma cirurgia de emergência para conter uma hemorragia intracraniana.

Segundo o presidente, no domingo (8), ele sentiu uma dor de cabeça, mas achou “que era por causa do sol” e acabou não levando muito a sério. “Na segunda-feira [dia 9] eu comecei a sentir alguns movimentos esquisitos na perna, uma certa lentidão, ai eu fui trabalhar”, disse em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo.

Na data, ele havia se reunido com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre emendas parlamentares.

Na ocasião, ele chamou a Dra. Ana Helena Germoglio, que faz parte de sua equipe médica e disse: “Ana, eu acho que eu não estou bem, eu acho que é bom a gente marcar uma consulta no Sírio.”

Chegando ao hospital, o presidente passou por uma ressonância magnética. “Eu já não aguento mais aquela máquina, eu já não aguento mais o barulho daquela maquina, ai quando eu saí os médicos estavam assustados”, revelou.

Segundo Lula, médicos lhe ligaram e disseram: “Tem que vir urgente para São Paulo”.

“E eu fui urgente para São Paulo na medida do possível, porque o avião tava no Rio de Janeiro, aí teve que vir o avião, eu fui para São Paulo.”

Nos momentos em que esteve esperando o avião chegar, Lula disse a maior preocupação da primeira-dama Janja da Silva “era não me deixar dormir”. “Eu estava com sono”, contou.

O chefe do Executivo explicou que foi necessária a espera pelo avião presidencial por ser mais confortável, devido à situação que estava enfrentando.

“O pessoal não quis vir para cá no avião menor porque não tinha um lugar mais confortável para deitar, e se tivesse um problema maior o avião presidencial tem cama, então eu teria uma melhor condição de ser tratado”, declarou.

Ao chegar em São Paulo, a última coisa que Lula diz lembrar foi do trajeto até o hospital.

“A última coisa que eu lembro é quando eu entrei na ambulância, que era muito barulhenta e ela pulava muito e eu reclamei: ‘É preciso comprar uma ambulância mais decente’.

E, a partir daí, a última coisa que ouviu foi quando chegaram ao Sírio-Libanês e alguém gritou: “Chegamos”.

“Estava todo mundo meio nervoso. Aí me levaram para a sala de cirurgia e eu já fui operado, tomei um sedativo e não vi mais nada”, finalizou.

Lula passou pela cirurgia na madrugada da terça-feira (10). Sua alta aconteceu neste domingo.

Agora, ele deve permanecer em São Paulo até a quinta-feira (19) para passar por avaliações médicas.

Janja diz que foi sua pior noite

Segundo Janja, os momentos que antecederam a vinda para São Paulo aconteceram na pior noite de sua vida, ficando atrás apenas da morte de sua mãe.

“Porque eu não sabia como a gente ia amanhecer o dia de terça-feira, então foram realmente momentos angustiantes de não saber o que ia acontecer”, disse a primeira-dama.

Ela ainda contou que até a hora do almoço na segunda-feira Lula estava bem. “Ele começou a decair durante a tarde e ai a gente foi para o Sirio”, prosseguiu, falando que o presidente reclamou de dor nas costas e que sua perna estava puxando.

Risco de morte

O médico pessoal de Lula, Dr. Roberto Kalil Filho, apresentador do CNN Sinais Vitais, disse que a situação do presidente foi extremamente grave.

“Requiria obviamente atendimento de emergência. Mas, sim, corria o risco de acontecer o pior”, disse Kalil.

Na chegada de Lula a São Paulo, o médico estava lhe esperando na plataforma para entrar no avião. “E quando nem abriu a porta do avião, eu já me joguei para dentro do avião, eu entrei rápido no avião. Ele veio em pé me receber.”

“Eu tomei um susto: ‘Nossa, o senhor chegou bem, em pé, veio andando’. E, aí, obviamente colocamos ele na ambulância e chegamos no hospital”, continuou Kalil, contando que o presidente foi direto para o centro cirúrgico.



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