Não chega a ser tão dramático como no Apocalipse: “Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo”, mas na reta final do Brasileirão o São Paulo, sempre ali na fronteira do G4, quase nunca dentro dele, sem dar sustos na zona próxima ao rebaixamento, termina sua participação sem altos nem baixos, de maneira, digamos, burocrática.
O torcedor apoiou, o Morumbi esteve cheio, o time raramente apresentou grande futebol, assim como poucas vezes foi abaixo da crítica.
Nada que lembre os tempos de glória, único tricampeão seguido, em 2006/7/8, como sem a preocupação de 2021 —48 pontos, 13º lugar, próximo da zona de rebaixamento.
Fosse na escola e se diria que passou de ano sem necessidade de recuperação, embora professor algum tenha ficado impressionado com o desempenho.
Talvez tenha melhorado em espanhol, matéria não obrigatória como o inglês.
Já o Corinthians foi o inverso ao terminar 2024 fervendo.
Passou o ano no fundão, deve na lanchonete, não pagou as mensalidades, só não foi expulso porque o colégio é uma zona e, no fim, brilhou.
Fez a sena com o Vasco e se ganhar do Criciúma, no sábado (30), em Santa Catarina, é possível que o diretor leve a turma para passar o domingo na praia do Rincão, a 25 quilômetros de distância, como prêmio e método de quem paga hotel caro, deixa atrasar o aluguel de casa, vive às voltas com a polícia e o conselho de pais quer ver pelas costas.
De repente, não mais, forma-se um trio com quem veio de fora sem saber bem onde pisa e Rodrigo Garro, Memphis Depay e Yuri Alberto enfileiram uma série de provas bem-feitas para empolgar na linha de chegada e se livrar da segunda época.
Futebol é assim, surpreendente.
Para quem gosta de se dizer sofredor, um prato cheio, coisa que os soberanos detestam.
Muito antes de ter virado moda a ideia do saber sofrer, a Fiel convive com isso e gosta, porque há gosto para tudo e o masoquismo está repleto de adeptos. Aqui é Corinthians!
Resta o primeiro vértice do triângulo, o alviverde, congelado.
Eliminado na Copa do Brasil pelo campeão Flamengo, da Libertadores pelo finalista Botafogo e sob o sério risco de não ter nada a comemorar de significativo na temporada, o balanço bastante razoável terá ares de frustração caso o Brasileirão escape, o que ainda é só o mais provável, não inevitável.
Aliás, se revertido, será razão para festa ainda maior depois do banho gelado, em casa, dado pelo Botafogo.
Chorar um escanteio discutível pega mal para encobrir a expulsão, por agressão infantil, do veterano Marcos Rocha.
Assim caminha a humanidade.
A melhor campanha de 2024 entre os paulistas vira a maior decepção e a pior acaba por ser a mais comemorada. Será?
Aguardemos os próximos capítulos, não vomite o morno, não desmereça o frio e não exalte o quente, para evitar a queimadura.
Libertadores
Quem entrará na cabeça de quem?
Hulk e Deyverson na da arbitragem e dos botafoguenses?
John Textor na de Everson?
O que farão Atlético Mineiro e Botafogo no Monumental de Núñez neste sábado?
Que joguem muita bola na terra dos campeões mundiais, no estádio que não suportou uma final entre Boca e River e que verá clássico brasileiro alvinegro.
Galo e Glorioso por una cabeza.
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