A Fifa (Federação Internacional de Futebol) lançou nesta quarta-feira (27) um fundo de legado de US$ 50 milhões (R$ 291 milhões) destinado a programas sociais, em colaboração com o anfitrião da Copa do Mundo de 2022, o Qatar, a OMS (Organização Mundial da Saúde), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e o Acnur, a Agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para Refugiados.
Em novembro de 2022, a entidade máxima do futebol mundial havia prometido que o fundo de legado dos lucros da Copa do Mundo de 2022 seria usado para ajudar “algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo”.
“A Fifa está levando o conceito de fundo de legado a um novo patamar em termos de alcance e impacto, abordando prioridades-chave como refugiados, saúde ocupacional, educação e desenvolvimento do futebol”, disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino, em comunicado.
As receitas de Copas do Mundo anteriores foram colocadas em fundos legados para o país anfitrião usar no desenvolvimento do esporte e os US$ 50 milhões correspondem a aproximadamente 1% da receita comercial arrecadada em torno da Copa do Mundo de 2022.
A Fifa afirmou que se uniria à OMS para apoiar sua iniciativa “Beat the Heat” para proteger a saúde e segurança de indivíduos de alto risco contra o calor extremo.
O Qatar sofreu intensa pressão sobre seu tratamento a trabalhadores estrangeiros trabalhando em condições extremas, levando muitos a levantar preocupações, embora o país do Oriente Médio tenha negado que os trabalhadores tenham sido explorados.
No entanto, a Anistia Internacional afirmou que o fundo não faz nada pelas famílias dos trabalhadores migrantes que morreram ou foram explorados ao construir os estádios do Qatar para a Copa do Mundo.
“Ao não fornecer financiamento para compensar os trabalhadores e suas famílias pelos graves danos sofridos no Qatar, a Fifa está desconsiderando flagrantemente suas próprias políticas de direitos humanos”, disse Steve Cockburn, chefe de Direitos Trabalhistas e Esporte da Anistia.
“(A Fifa) provavelmente está ignorando as conclusões de seu próprio relatório encomendado —que ainda não foi publicado. Enquanto a Fifa continuar a enterrar a cabeça na areia, os trabalhadores e suas famílias continuarão a sofrer as consequências.”
Em 2022, a Anistia e outros grupos de direitos humanos lideraram apelos para que a Fifa compensasse os trabalhadores migrantes no Qatar por abusos de direitos humanos, reservando US$ 440 milhões (R$ 2,5 bilhões), igualando o prêmio em dinheiro da Copa do Mundo.
Na Copa do Mundo em Doha, Infantino disse que um fundo de apoio e seguro para trabalhadores criado em 2018 pelo Qatar havia fornecido compensação de mais de US$ 350 milhões (R$ 2 bilhões) a trabalhadores, em casos relacionados principalmente ao não pagamento de salários.
Já a parceria com o Acnur ajudará os refugiados ao “melhorar o acesso a serviços básicos”, acrescentou a Fifa.
“Este fundo levará o legado da Copa do Mundo além dos estádios e telas para milhões de deslocados por guerra, conflito e perseguição”, disse Filippo Grandi, Alto-comissário da ONU para Refugiados. “Ele permitirá assistência vital e oportunidades de longo prazo para pessoas desenraizadas, ajudando-as a se reconstruir com segurança e dignidade.”
A Fifa também afirmou que ajudaria a “empoderar economicamente” mulheres empreendedoras, apoiando o Fundo de Mulheres Exportadoras na Economia Digital (WEIDE), lançado pela OMC e pelo ITC (Centro de Comércio Internacional) no início deste ano.
O ITC afirmou que o fundo de legado comprometeu US$ 16,6 milhões (R$ 96,7 milhões) ao fundo WEIDE, com um depósito inicial de US$ 5 milhões (R$ 29,1 milhões).
Na frente do futebol, a Aspire Academy do Qatar e o Centro de Desenvolvimento de Talentos da Fifa, liderado por Arsene Wenger, vão colaborar na identificação de jovens talentos em áreas remotas em países em desenvolvimento.