A boxeadora taiwanesa Lin Yu-Ting, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris, se retirou de uma competição internacional no Reino Unido quando questionada pela organização sobre sua elegibilidade de gênero, anunciaram nesta quarta-feira (27) as autoridades esportivas de Taiwan.
Lin, que junto com a lutadora argelina Imane Khelif sofreu uma campanha de ódio durante os Jogos de Paris, estava prestes a participar a partir de quarta-feira das finais da Copa do Mundo de boxe, na cidade inglesa de Sheffield.
Esta nova competição é organizada pela World Boxing, uma organização fundada em 2023 e que conta com 55 membros, incluindo Taiwan.
Era a primeira competição internacional de Lin desde Paris, mas ela teve que sair depois que a World Boxing questionou sua elegibilidade, como divulgado em um comunicado da Administração de Esportes de Taiwan.
“É uma mulher, atende a todos os critérios de elegibilidade e participou com sucesso do evento de boxe (em Paris), ganhando a medalha de ouro”, diz o comunicado.
“Infelizmente, como a World Boxing acaba de ser criada (…) ainda não conta com as políticas regulatórias do COI, que asseguram a proteção dos direitos dos atletas”, acrescenta, referindo-se ao Comitê Olímpico Internacional.
“Além disso, o comitê médico da World Boxing ainda tem que estabelecer processos de confidencialidade robustos para proteger as informações médicas fornecidas por Taiwan a respeito de Lin Yu-ting”, continua o documento.
Lin propôs submeter-se a um “exame médico completo localmente” no Reino Unido, algo que, segundo o comunicado, a World Boxing não aceitou.
Para evitar maior “dano” a Lin, seu treinador e os responsáveis esportivos taiwaneses “decidiram se retirar deste evento”.
Lin e Khelif foram expulsas do Mundial de Boxe em março de 2023, cuja organização era da Federação Internacional de Boxe (IBA), mas foram autorizadas a participar nos Jogos de Paris.
Na competição olímpica, Lin conquistou a medalha de ouro na final feminina e se tornou a “filha de Taiwan”, tanto para a imprensa nacional quanto para o presidente Lai Ching-te.
A World Boxing está em conversações com o COI para gerir o boxe olímpico, depois que a instância olímpica excluiu a IBA em 2023 após anos de escândalos.
Nem a World Boxing nem a Federação Inglesa de Boxe responderam até o momento quando questionadas a respeito pela AFP.