Senadores criticam Carrefour por boicote ao Mercosul


Segundo a senadora Tereza Cristina (PP-MS), trata-se de um “evidente protecionismo”; Alan Rick (União Brasil-AC) diz que o grupo francês sentirá retaliação “na pele”

Diante do boicote do Carrefour à importação da carne do Mercosul, cujo desdobramento resultou no pedido de retratação do grupo francês ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 8 senadores ligados ao agro consultados pelo Poder360 criticaram a medida.

Na 4ª feira (20.nov.2024), o CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que não iria mais comprar proteínas do Brasil porque os produtos não atendem as exigências e as normas de qualidade exigidas pelo governo francês.

Em retaliação, frigoríficos como a Marfrig e a JBS, responsável por 80% do fornecimento de carnes do Carrefour Brasil, suspenderam o abastecimento para mercados da rede no Brasil. Masterboi e Minerva também aderiram ao boicote.

Na 3ª feira (26.nov), Bompard escreveu carta com retratação sobre às críticas feitas à carne brasileira. O documento, segundo informações do portal Neofeed, foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a assessores do presidente Lula. Eis a íntegra do texto (PDF – 70 kb).

Leia as declarações dos congressistas: 

Alan Rick (União Brasil-AC), presidente da Comissão de Agricultura do Senado:

A medida altamente protecionista da França é de um absurdo tão grande, uma vez que a França já consome a nossa carne há mais de 40 anos. Então, merece todo o nosso repúdio. Não existe cabimento algum, apenas o puro protecionismo do governo francês, que já subsidia pesadamente a sua agropecuária”. 

Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura e Pecuária de Bolsonaro:

Não há qualquer razão real, além do evidente protecionismo francês, que beneficia seus produtos com altos subsídios, para essa medida injusta. Ela merece mais do que indignação; merece resposta recíproca. Queremos explicações do embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, para esclarecer a posição do governo francês diante desse boicote.

Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul:

Essa decisão das empresas francesas é um retrocesso e chega em um momento inoportuno, às vésperas do Bicentenário das Relações Diplomáticas Brasil-França. Como presidente da delegação brasileira no Parlasul, vou articular com os países do bloco uma resposta conjunta para defender os nossos produtores e buscar alternativas que fortaleçam o Mercosul.

Zequinha Marinho (Podemos-PA), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária no Senado:

Esse boicote do Carrefour não é nada mais do que uma barreira comercial contra o Mercosul. Na esteira desse boicote veio a rede supermercadista Les Mousquetaires e, por meio do seu presidente, foi explícita ao dizer que seria preciso apoiar os produtores franceses. Eles dizem que a preocupação é com o meio ambiente, mas na verdade é tudo econômico.

Margareth Buzetti (PSD-MT), senadora e 1ª suplente do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro:

Não podemos ser responsabilizados pela irresponsabilidade dos países ditos desenvolvidos, que têm um protecionismo imenso. Se hoje temos uma agropecuária forte, um ativo ambiental que ninguém tem, é porque fizemos nosso dever de casa. Precisamos do acordo, da relação com UE, mas não podemos baixar a cabeça para os franceses.

Jaime Bagattoli (PL-SC), agropecurista:

Uma covardia, palhaçada. O problema é que temos uma imprensa covarde, vendida, que prega uma imagem ruim da agropecuária brasileira lá fora. Não é só na questão da carne bovina. Na soja, no algodão, é sempre a mesma coisa: nosso setor produtivo tem que ter selo pra tudo. Eles [o Carrefour] sabem que nosso boi é o mesmo barato do mundo hoje.

Marcos Rogério (PL-RO):

Recebi a notícia com indignação. Não dá para aceitar uma fala preconceituosa, travestida de desinformação e com claro viés de boicote ao agro brasileiro na Europa, por interesses que não são legítimos. A liberdade econômica deve ser um norte global.

Jayme Campos (União Brasil-MT): 

O mercado de exportação da França não representa quase nada para o Brasil. Trata-se de uma questão econômica, que atinge o Brasil, a Argentina e o Uruguai. É uma política barata, rasteira, sem fundamento. A carne brasileira é uma das melhores do mundo. Agora, que tragam carne de fora para abastecer o mercado brasileiro.





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