Nº de passageiros transportados pela companhia cai pelo 3º mês e segue longe do patamar de 2023; desastre da TAM em 2007 afetou menos proporcionalmente, enquanto GOL seguiu crescendo em 2006
A Voepass está na contramão do mercado aéreo e vem registrando seguidas quedas em seu número de passageiros transportados depois que um avião da empresa caiu em São Paulo em 9 de agosto e deixou 62 mortos.
No mês seguinte ao acidente (setembro), a companhia perdeu 37% de seus clientes na comparação com o mesmo mês de 2023. Em outubro, a queda foi de 20,7%. Os dados de novembro ainda não estão disponíveis. A causa mais provável para queda do avião é o acúmulo de gelo nas asas.
A empresa, que já vinha enfrentando fragilidades financeiras, vem tendo uma recuperação mais lenta do que a TAM (que hoje se chama Latam) em 2007 e a GOL em 2006, nos outros 2 grandes desastres aéreos do século.
A TAM em 2007 registrou a maior tragédia da aviação brasileira em número de mortos. Em 17 de julho daquele ano, um Airbus A320 derrapou no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e colidiu com um prédio da própria empresa do outro lado da avenida Washington Luiz. O acidente deixou 199 mortos.
A sensação de insegurança àquela época impactou a empresa –que vinha registrando um crescimento acelerado. No mês seguinte ao desastre (agosto), o número de passageiros transportados pela TAM caiu 11,2%, indo de 1,8 milhão para 1,6 milhão. Em setembro, recuou 2,4%, voltando a crescer em outubro.
Já no caso da GOL, a queda do Boeing 737 em 29 de setembro daquele ano não fez a empresa entrar em recessão, mas freou seu ritmo de crescimento (que vinha na casa dos 40% e caiu para perto de 25% no fim do ano). O avião se chocou com um jato Legacy e caiu em Mato Grosso, deixando 154 mortos.
Neste ano de 2024, a Voepass não só interrompeu o crescimento que vinha registrando como ainda não se recuperou da queda dos meses logo depois do acidente. A empresa demitiu funcionários após o desastre.
Ao Poder360, a companhia disse que foi necessário uma readequação da malha após o acidente em São Paulo para “garantir uma melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”.
“Ao longo de seus 29 anos de história, a Voepass está dedicada ao propósito de desenvolver a aviação regional com segurança e qualidade, conectando cidades do interior a grandes centros, e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país. Nos últimos 3 anos, a empresa transportou mais de 2,7 milhões de passageiros em mais de 66.000 voos”, afirmou a companhia (íntegra – PDF – 37 kB).
Os dados usados nesta reportagem são da Anac, coletados em 21 de novembro (os números podem mudar minimamente no sistema na medida em que as empresas atualizam os dados), e consideram passageiros transportados de e para destinos domésticos.