Para ex-ministro de Lula, caso é “gravíssimo” e ruptura só não foi aconteceu porque não houve respaldo da comunidade internacional
José Dirceu, ex-ministro do 1º governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que houve pressão na ala militar para uma tentativa de golpe após a vitória do petista na eleição presidencial de 2022. Dirceu comentava o relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de organização criminosa e tentativa de golpe de Estado.
“Os golpistas de 1937 não foram aos tribunais, nem os golpistas de 1955, nem de 1961 e nem os de 1964, que foram anistiados. Portanto, é a 1ª vez que o atentado à Constituição, que no caso é um crime de alta traição para os militares, é alvo de um caso assim. Os militares têm, como mandato, defender a Constituição. Isso, portanto, é um fato inédito”, afirmou o ex-deputado.
Para Dirceu, a tentativa de golpe não teve sucesso por falta de respaldo internacional.
“Dentro do país, nem a grande mídia, nem o setor empresarial, bancos, deram apoio. Apenas alguns setores do agronegócio e dos pequenos e médios empresários, varejo, sinalizaram nesse sentido”, disse. “Esses fatos todos mostram que a tentativa deles era sempre a de pressionar, chantagear e convencer os altos mandos militares a apoiá-los. Não conseguiram”, completou.
O ex-deputado disse que diante do que se sabe sobre o 8 de janeiro e a tentativa de golpe de Estado, a democracia brasileira segue fortalecida. “Provas materiais foram usadas para condenar as pessoas envolvidas no 8 de Janeiro. As pessoas foram filmadas, e se filmaram. Muitos são réus confessos”, comentou.
Dirceu falou ainda que o envolvimento político de Bolsonaro é “gravíssimo”.
“Ele era o presidente em exercício naquele momento, conspirando contra o Estado de Direito e a Constituição, e que procurou arrastar as Forças Armadas para esse golpe de estado. Um presidente que tenta dar um golpe é um agravante. A situação politica de Bolsonaro é gravíssima”, completou.