Grupo francês, dono das redes Intermarché e Netto, segue iniciativa do Carrefour e justifica medida como apoio à agricultura local
O grupo varejista francês Les Mousquetaires anunciou que suas redes de supermercados, Intermarché e Netto, suspenderão a comercialização de carnes da América do Sul. O CEO do grupo, Thierry Cotillard, declarou nas redes sociais que a decisão visa fortalecer a soberania alimentar da França e apoiar os agricultores locais. A medida segue os passos do Carrefour, que adotou posição semelhante na 4ª feira (20.nov).
A iniciativa, no entanto, é mais ampla. Enquanto o Carrefour se comprometeu a não vender “carne bovina” do Mercosul —sem mencionar aves ou suínos— e limitou a restrição aos países do bloco, o Les Mousquetaires estendeu o boicote a toda a América do Sul e também incluirá produtos processados de marcas próprias.
Cotillard ainda pediu às indústrias francesas para adotarem a mesma postura, demonstrando “compromisso e transparência sobre a origem das matérias-primas”.
O CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, defendeu a decisão de sua rede em carta endereçada ao presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França) na 4ª feira (21.nov). Segundo ele, os produtos sul-americanos não atendem às normas francesas, causando preocupação entre os produtores locais. Bompard também incentivou outros agentes do setor agroalimentar a aderirem ao boicote.
A decisão afeta exclusivamente as operações do Carrefour na França; outras unidades da rede no mundo continuarão comercializando carne sul-americana.
O boicote é mais um indício das dificuldades para a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, criticado por agricultores europeus que temem a concorrência com produtos sul-americanos mais competitivos.
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