Com a aposentadoria de Rafael Nadal, consumada nesta terça-feira (19), dois anos após a de Roger Federer, a era dos gigantes do tênis se aproxima do fim. Esse foi um período em que essas duas lendas se tornaram, junto ao sobrevivente Novak Djokovic, os três jogadores mais laureados da história.
Durante quase 20 anos, os três gigantes do tênis dividiram quase todos os títulos importantes. Dominavam de ponta a ponta todas as estatísticas, começando por vitórias em Grand Slam: 20 para o suíço, 22 para o espanhol e 24, por enquanto, para o sérvio. O quarto no ranking, Pete Sampras, tem 14.
Os três também têm o maior número de vitórias em Masters 1000: 40 para Djokovic, 36 para Nadal, 28 para Federer, seguidos por Andre Agassi com 17.
O sérvio lidera o número de semanas passadas como número 1 mundial (428), à frente do suíço (310), enquanto Nadal ocupa o sexto lugar com 209.
Quanto ao número total de títulos, os 109 de Jimmy Connors podem se manter como o recorde, mas este trio não fica muito longe, com 103 para Federer, 99 para Djokovic e 92 para Nadal.
Durante as duas últimas décadas, que serão consideradas sem dúvida como a era de ouro do tênis, houve um total de 60 duelos entre Nadal e Djokovic, a partida mais disputada de toda a história do tênis, com 31 a 29 para o sérvio. Foram 50 duelos entre Djokovic e Federer, com 27 a 23 para ‘Djoko’. Por fim, 40 jogos entre Federer e Nadal (24 a 16 para o espanhol).
Quem foi melhor?
Desses três, quem é o melhor? O debate para escolher um “GOAT” (“Greatest of all time”, o melhor de todos os tempos em inglês) não cessou entre os fãs do esporte.
Cada um tem seus argumentos. Os defensores de Nadal destacam que ele está acima de seus rivais em finais de Grand Slam (5 a 4 contra Djokovic e 6 a 3 contra Federer, enquanto o sérvio venceu 4 a 1 contra Federer). Os que apoiam o suíço afirmam que ele foi o jogador que mais contribuiu para o esporte, graças ao seu estilo ofensivo.
Mas os críticos de Federer destacam que, sendo o mais velho (nascido em 1981, Nadal em 1986 e Djokovic em 1987), começou sua carreira antes de seus dois grandes rivais e pôde ampliar sua lista de vitórias contra adversários que desapareceram assim que se instalou o ‘Big Three’, como Mark Philippoussis, Lleyton Hewitt, Andy Roddick ou Fernando González.
As críticas ao espanhol se concentram no desequilíbrio de seu cartel, que se sustenta por sua imensa superioridade no saibro (14 Roland Garros de seus 22 Grand Slam, 26 Masters 1000 dos 36 e um total de 63 títulos no saibro).
Djokovic se impõe como o número 1 em cifras: lidera os confrontos diretos, é o único a ter a coleção completa dos 9 Masters 1000 (além dos 4 Grand Slam, como seus rivais) e venceu o Masters de final de temporada em sete ocasiões, número recorde. Seu 24º Grand Slam, no US Open 2023, pôs fim ao debate se considerarmos os números, mas ele ainda teve tempo de conquistar o ouro olímpico em Paris-2024, a única linha que faltava.
No debate, também deve-se levar em conta o longo histórico de lesões de Nadal, ao contrário de seus rivais.
Sendo o mais jovem, mas não o mais precoce, o sérvio teve que enfrentar a concorrência de seus dois outros rivais quando estes estavam em seu melhor nível. Quando conquistou seu primeiro Grand Slam no Aberto da Austrália de 2008, Federer já tinha 12 em seu contador, e Nadal, três.
Quando conquistou o segundo, novamente na Austrália, mas em 2011, Federer já tinha 16, e Nadal, 9. Desde essa data, o domínio do sérvio é esmagador: 22 títulos contra os 12 de Nadal e os últimos quatro de Federer.
A rivalidade entre Federer e Nadal é a que gerou mais paixão, talvez porque Djokovic entrou na disputa mais tarde.
Mas entre as 150 partidas disputadas entre esses três campeões, entre elas 23 finais de Grand Slam, houve duelos lendários nos três sentidos: o Djokovic-Federer na final de Wimbledon de 2019, vencido pelo sérvio em um interminável quinto set (13-12 após dois match points perdidos pelo suíço), a final do Aberto da Austrália de 2012, vencida em quase seis horas por Djokovic contra Nadal e, claro, o célebre Federer-Nadal de 2008, que o espanhol venceu quando a noite caía, para muitos a partida mais bonita da história.
E quanto ao amor que receberam por parte dos fãs, não pode ser explicado em números, mas Djokovic nunca poderá igualar seus dois rivais, cuja rivalidade encantou o público além do tênis.