Acontece nesta terça-feira (19) o último dia da cúpula do G20, que reúne as maiores economias do mundo, no Rio de Janeiro.
Ao todo no evento serão 271 atividades entre debates, conversas e mesas temáticas organizadas por movimentos sociais, grupos de engajamento, organismos internacionais, conselhos, universidades, governos, setor privado, dentre outros, do Brasil e do exterior.
Presidindo o G20 neste ano, o Brasil coordena discussão de temas importantes para a economia global, como tributação de grandes fortunas, digitalização dos governos e ampliação da oferta de crédito em organismos internacionais.
O G20 no Brasil recebe 55 líderes de países e chefes de organizações.
Na manhã desta terça terá o debate sobre as transições energéticas como principal tema. Os países do G20 representam a maior parte das emissões de carbono e discutirão estratégias e alternativas para uma economia mais sustentável.
Ainda na terça, ao final do evento, ocorrerá a cerimônia de transmissão da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul, que assumirá a presidência em 2025.
Após o encerramento, a agenda dos líderes será reservadas para reuniões bilaterais restritas entre seus pares.
Confira a programação prevista desta terça (19) para a cúpula do G20
- 10h30 às 13h00: Sessão 3: Desenvolvimento Sustentável e Transições Energéticas
- 13h00 às 15h00: Sessão de Encerramento e Cerimônia de Transmissão da Presidência do G20 do Brasil para a África do Sul
- 15h00 às 16h30: Almoço Oficial
- Tarde (após o almoço): Reuniões bilaterais entre os líderes
Como foi o primeiro dia do G20
No começo da segunda-feira (18), os participantes da Cúpula do G20 foram recebidos pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a Primeira-Dama, Rosângela Lula da Silva.
Ao longo do dia, foram realizadas duas sessões de discussões entre os líderes, a primeira dedicada ao lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e a segunda para debater a reforma da governança global.
Pela noite, foi anunciado que os integrantes do G20 aprovaram a declaração final da cúpula que acontece no Rio de Janeiro. No texto, os líderes mundiais abordaram desde as mudanças climáticas até guerras e taxação de super-ricos.
A seguir, veja cinco pontos para entender como foi o dia de debates na segunda-feira.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Vista como um dos principais sucessos do Brasil à frente do G20 e uma das mais concretas ações tomadas pelo grupo, a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza foi formalizada nesta segunda.
Ao todo, 82 países – dentre os quais se incluem Estados Unidos, China, França, Alemanha, Índia, Austrália, Noruega e Bangladesh – se comprometeram com a iniciativa.
Para além dos Estados em si, a força-tarefa conta com o apoio da União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, 9 instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.
A última nação a declarar adesão à Aliança foi a Argentina. Ao longo do dia, dúvidas pairavam no ar em torno da postura dos vizinhos latino americanos. Isso porque, além de não terem anunciado a entrada no pacto num primeiro momento, a diplomacia argentina vem adotando uma postura resistente a algumas pautas levantadas pelo G20.
Lula e Milei
Uma das avaliações feitas é que o presidente Javier Milei tenha sido encorajado a tomar uma postura mais dura devido a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA. Além de aliados, os dois compartilham uma agenda conservadora.
Não obstante, algo que foi destacado – inclusive pela imprensa argentina – nesta segunda-feira foi a “frieza” e o “cumprimento gélido” entre Milei e Lula.
Enquanto o presidente da República recebeu outras autoridades com um sorriso e as cumprimentou para a foto de recepção, nota-se distância entre ele e Milei no momento da fotografia dos dois.
No passado, o presidente argentino já buscou ofender o petista com palavras como comunista, ladrão e corrupto.
Foto oficial
A foto oficial entre os líderes presentes na Cúpula contou com algumas ausências ilustres.
Tanto o presidente dos EUA, Joe Biden, quanto o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se atrasaram para o compromisso. Segundo a Casa Branca, os dois tiveram uma reunião bilateral, na tarde desta segunda, às margens da cúpula.
O restante das autoridades não os esperou para a foto oficial e já estavam dispersando do palanque quando os dois deixaram o Museu de Arte Moderna (MAM).
Outra figura que não estampou a fotografia foi Georgia Meloni, primeira-ministra da Itália. O motivo, porém, não ficou claro até o momento.
EUA e China anunciam apoios
Como presidente rotativo do bloco, o Brasil buscou coordenar esforços pela retomada da cooperação internacional, com enfoque em questões estratégicas para o país como clima; desigualdade, pobreza e fome; e governança global.
Com isso em mente, durante a sessão dedicada ao lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, de um lado a China anunciou que iria intensificar seu apoio ao Sul Global.
A iniciativa anunciada por Xi Jinping foi construída junto do Brasil, África do Sul e União Africana para direcionar inovações científicas e tecnológicas para o Sul Global.
A iniciativa foi anunciada em um momento em que os Estados Unidos e seus aliados têm cooperado para parar com as exportações de semicondutores de alta tecnologia para a China e banido empresas chinesas de tecnologia, como a Huawei, de mercados da América do Norte e da Europa.
Do outro lado, Biden anunciou que os EUA fará uma contribuição de US$ 4 bilhões para o fundo da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), do Banco Mundial, para os países mais pobres do mundo.
Conflitos geopolíticos: o elefante branco na sala
Um assunto delicado entre os países do G20 é a geopolítica. Os Estados membro divergem sobre a abordagem de questões como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Em geral, as economias desenvolvidas tendem a apoiar o que chamam de “direito de defesa” da Ucrânia e de Israel. Enquanto isso, alguns membros do bloco defendem um tom mais crítico com ambas as partes de ambos os conflitos.
A versão final da declaração da cúpula já circula entre os diplomatas, e o Brasil trabalha para que o documento não seja aberto para mais alterações. Um dos pontos que principalmente os países europeus têm levantado é o endurecimento da abordagem sobre a Rússia.
E enquanto tenta-se evitar o assunto, o premiê britânico, Keir Starmer, defende que é necessário debater o que chama de “guerra ilegal da Rússia na Ucrânia”.
A declaração final aprovada pelo Grupo dos 20 pede um cessar-fogo na Faixa de Gaza e apela por um solução de dois Estados para o conflito entre Israel e o Hamas. O documento não menciona a libertação dos reféns sequestrados no dia 7 de outubro de 2023.
Sobre a guerra na Ucrânia, a declaração afirma: “saudamos todas as iniciativas relevantes e construtivas que apoiam uma paz abrangente, justa e duradoura, mantendo todos os Propósitos e Princípios da Carta da ONU para a promoção de relações pacíficas, amigáveis e de boa vizinhança entre as nações”. O texto não menciona a Rússia.
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