O presidente da Argentina criticou a cooperação internacional que cria barreiras aos países que pensam diferente
O presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), criticou o atual modelo de governança global em seu discurso no G20 nesta 2ª feira (18.nov.2024). Segundo ele, o que era para ser uma cooperação entre países cria barreiras e imposições a quem pensa diferente.
“Porque hoje, embora muitos não se atrevam a dizer isso em voz alta, somos muitos na comunidade internacional para quem ‘governança global’ é sinônimo de imposições de todo tipo às nossas nações e aos nossos cidadãos. Desde barreiras à produção e ao comércio, até mandatos de censura à livre expressão, passando por imposições culturais e condicionamentos no acesso ao mercado de crédito. O problema é que essas definições não são acordos entre partes, mas sim exigências, pois se penaliza aqueles que ousam ter uma visão própria”, declarou.
A Argentina de Milei travou as negociações na declaração final do G20, mas cedeu no fim e decidiu assinar o documento. Antes disso, não iria participar da Aliança Global Contra a Pobreza e a Fome idealizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência do G20, mas, pouco tempo depois do lançamento, os argentinos também entraram no mecanismo.
Segundo o Poder360 apurou, a avaliação dos presentes sobre o discurso de Milei foi de quem mirava falar com seu público, em minoria na sala. Além disso, o presidente argentino quase não foi aplaudido depois que terminou de falar.
“Não há igualdade soberana que o permita e, em consequência, o regime internacional se torna um corset que nos asfixia. A prova disso é que, em diferentes áreas, fomos acusados de promover discursos de ódio, de antidemocráticos ou de representar um perigo para os direitos humanos, meramente por termos uma opinião dissidente. Isso significa que os mecanismos de governança global não oferecem um canal de diálogo entre iguais. Oferecem apenas dois caminhos: submissão ou rebeldia. Bem, antes de sermos escravos, preferimos a rebeldia”, disse.
Segundo Milei, se a cooperação internacional significar restringir a liberdade dos países, ele não quer fazer parte.
“Se a questão é transgredir o direito à propriedade dos indivíduos por meio de impostos e regulamentações, não contem conosco. Se a questão é limitar o direito dos países de explorar livremente seus recursos naturais, não contem conosco. Se a questão é inventar privilégios de sexo, de raça, de classe ou de qualquer outra minoria, e negar o princípio da igualdade perante a lei, não contem conosco. Se a questão é impor maior intervenção estatal na economia, não contem conosco”, declarou.