O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, colocou a pauta da tributação como prioritária durante a presidência do Brasil no grupo
Mesmo com um esforço do Brasil para emplacar pautas relacionadas à taxação de grandes fortunas durante a presidência do G20, o grupo não tem força para emplacar essa mudança a nível mundial. A análise é de Ecio Costa, professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e economista-chefe do Lide Pernambuco.
O especialista cita as resistências internas do Brasil à medida, como no Congresso Nacional. Mas também menciona um posicionamento contrário de outros países, como é o caso dos Estados Unidos.
“O dilema [da taxação das fortunas] mostra que o G20, não tem tido força para atuar nesse sentido. A mesma coisa se repete com a ONU [Organização das Nações Unidas]”, disse Ecio Costa ao Poder360.
Assista à entrevista (27min36s):
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o integrante do governo brasileiro que mais se engajou no discurso sobre a tributação proporcional dos super-ricos. A ideia é que o dinheiro arrecadado fosse para o combate da pobreza e da fome.
Haddad se encontrou com representantes de diversas nações para defender o assunto. Um deles foi o papa Francisco. Mas não são todos os países que apoiam a iniciativa.
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Ecio Costa menciona os Estados Unidos, que apresenta resistência à proposta ainda durante o governo de Joe Biden (democrata). A resistência deve ser ainda maior com a nova gestão do futuro presidente Donald Trump (republicano).
“É muito provável que ele não leve em consideração as pautas e as decisões que sejam tomadas [no G20]”, declarou o economista.
Para Ecio, só um movimento internacional conseguiria fazer com que a taxação das grandes fortunas avance. Uma investida nacional promoveria uma evasão de riqueza do Brasil. Isso porque, segundo ele, os super-ricos colocariam o dinheiro em outros países.
“São bilionários, muito ricos. Então, têm uma facilidade de deslocamento, de mudança de cidadania, para outros países que não estão fazendo essa tributação”, declarou.
REVISÃO DE GASTOS
Mesmo com a visibilidade que ganhará no G20, o ministro da Fazenda ainda deve ser questionado sobre as medidas de revisão de gastos públicos do governo, segundo Ecio.
A equipe econômica se engajou em um discurso sobre o corte de despesas, mas nada concreto foi anunciado oficialmente.
“A gente pode ver em entrevistas coletivas, muito provavelmente, a pressão contínua sobre o ministro para que ele apresente de primeira mão, de forma antecipada, a política de redução de gastos”, disse o economista.
CÚPULA DO G20
O Brasil se prepara para sediar a próxima Cúpula do G20 a partir de 18 de novembro. O evento reúne os principais líderes das maiores economias do mundo e marca o fim da presidência do Brasil no grupo.
Lula estará presente no encontro, assim como seus ministros. Deve focar em sustentabilidade, e no fortalecimento de políticas multilaterais. Durante o comando do bloco, o Brasil defendeu a taxação dos super-ricos e o combate à fome.
Os presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Xi Jinping (China) são alguns dos nomes mais relevantes na cúpula. O evento será no Museu de Arte Moderna, no aterro do Flamengo.
O Brasil foi escolhido para ser presidente do G20 em 2024. O próximo país a comandar a agenda é a África do Sul.
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