Lincoln Gakiya afirma que PCC já usou “policiais corruptos ou ex-policiais” para executar desafetos
O promotor de Justiça do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) Lincoln Gakiya afirmou que a morte do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, no Aeroporto Internacional de São Paulo, é um recado para quem quebrar o “código de silêncio” do crime.
“Poderiam ter executado o Vinicius em outro local. O Vinicius não estava recluso na casa dele. O Vinicius saía normalmente, todos os dias. […] Então, foi escolhido um local público de grande aglomeração para mandar um recado […] quem quebrou o código de silêncio deve morrer”, disse em entrevista ao jornal O Globo em reportagem publicada nesta 6ª feira (15.nov.2024).
Segundo Gakiya, o PCC (Primeiro Comando da Capital) é o principal suspeito de ser o responsável pelo assassinato. Mas ponderou que outras hipóteses não foram descartadas.
“No caso do Vinícius, não é que ele passou a ser jurado de morte porque ele fez uma delação. Ele já era jurado de morte pelo PCC. O Vinícius tinha contra si vários desafetos. Era um arquivo vivo do crime” afirmou.
O promotor também disse que a facção criminosa conta, “necessariamente”, com a “corrupção de agentes públicos” e já usou “policiais corruptos ou ex-policiais” para executar desafetos.
“O PCC paga uma rede de agentes públicos […]. A polícia, na verdade, é mais citada porque é a instituição que está na linha de frente, que recebe 1º a proposta de corrupção. Mas a gente tem visto tribunais envolvidos com decisões, no mínimo, estranhas… Até mesmo tribunais superiores, em Brasília. O PCC já se tornou uma máfia”, afirmou.
Gakiya integra o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Presidente Prudente e investiga o PCC há mais de 20 anos. Ele já foi um alvo da facção.
Eis outros destaques da entrevista do promotor ao O Globo:
- delação de Vinícius: o empresário prestou pelo menos 5 ou 6 depoimentos. O processo foi rompido por motivos causados por ele mesmo e por seus advogados de defesa. Segundo Gakiya, Vinícius não entregou documentos que prometeu e ofereceu “provas pela metade” para “livrar ou isentar algumas pessoas que ele queria proteger”;
- recusa de proteção: o promotor voltou a afirmar que foi oferecido um programa de proteção ao empresário, mas ele queria uma escolta policial. “[Ele] queria continuar levando a vida dele, inclusive criminosa. Fazendo os negócios dele, saindo com a namorada, saindo com garotas de programa. Continuar levando a vida normal com escolta policial. Isso não existe nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo”, afirmou.
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