Agentes responsáveis por cuidar do episódio queriam manter o aparelho e outros elementos de prova em boas condições
O celular que estava com Francisco Wanderley, homem responsável pelas explosões na Praça dos Três Poderes na noite de 4ª feira (13.nov.2024), foi um dos motivos que fez com que seu corpo fosse retirado do local somente no dia seguinte, perto das 9h.
Foram mais de 12 horas desde a explosão até a remoção do corpo. A demora se deu por cautela de agentes responsáveis pelo caso, que queriam manter o celular de Wanderley e outros elementos de prova intactos para a perícia. O medo dos agentes era que um artefato explosivo atrelado ao corpo de Wanderley detonasse, inutilizando vestígios e o próprio aparelho. Levou algumas horas até ser possível desarmar tudo, mas o celular foi recuperado e incorporado às provas.
A avaliação das autoridades no local foi a de que o aparelho conteria provas valiosas para as investigações. Apurações sobre o caso já estão sendo conduzidas em inquérito da PF (Polícia Federal) e estão sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no STF (Supremo Tribunal Federal).
As explosões ocorreram em 2 locais separados: uma em frente à Estátua da Justiça, matando Wanderley, e outra em um carro, modelo Shuma da cor prata, estacionado próximo ao Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Logo depois, o local foi interditado para varreduras por suspeitas de outros explosivos.
No total, foram 4 bombas envolvidas no episódio. Das duas atiradas, apenas uma estourou. A outra foi a que matou Wanderley, posicionada por ele mesmo sob sua cabeça antes de explodir. Já a 4ª estava em seu corpo e não detonou.
Além dos artefatos que carregava consigo, foram encontrados 3 explosivos em um trailer alugado por Wanderley, que estava próximo ao carro que explodiu.
Também estava atrelado ao corpo do homem-bomba um timer, que teria sido o que acendeu um alerta do monitoramento de perímetro do STF –ativado a depender da aproximação de pessoas do local.
Esse mecanismo foi o que permitiu uma ação ágil dos agentes no enfrentamento. Segundo relatos, ao ver que havia policiais se aproximando dele, e que poderiam impedir a explosão, Wanderley falou: “saia daqui senão vou te explodir junto”.
Investigações preliminares conduzidas até o momento indicam que a intenção do homem não seria parar na Praça dos Três Poderes, mas sim, entrar dentro da sede da Corte. No entanto, por conta do sistema de segurança do prédio, a avaliação entre pessoas familiares com as apurações é de que não havia hipótese de que ele conseguisse, de fato, adentrar o local.
Apesar disso, ainda não se sabe se a intenção do homem-bomba era se explodir desde o início, ou se a fatalidade foi um efeito colateral de sua abordagem por agentes por medo de poder ser preso.
Artefatos do homem-bomba
Até agora, embora a Polícia Federal e outros órgãos de segurança falem em “bombas” e “explosivos”, as imagens da frente do STF na hora das explosões indicam que Francisco Wanderley Luiz usou fogos de artifício que precisam ser acionados tendo o pavio acesso com um isqueiro ou fósforo. Ao final de sua investida solitária, deitou-se sobre um desses artefatos, colocado embaixo de sua cabeça, e o detonou, morrendo na sequência.
No automóvel do homem-bomba, deixado num estacionamento adjacente ao prédio Anexo 4 da Câmara dos Deputados, a imagem da explosão no porta-malas também indica que o carro estava carregado com fogos de artifício, pois ao serem detonados fizeram fumaça e faíscas típicas desse tipo de material.
Imagens do interior da casa alugada por Wanderley, no bairro de Ceilândia (dentro do Distrito Federal), mostram caixas de “rojão de vara” da marca Pirocolor Fogos. É possível, e isso ainda não está claro, que parte do material teria sido desmontado para construir bombas caseiras e rudimentares que seriam usadas em algum momento.