A concessionária de saneamento Águas do Rio e a empresa de energia Light interromperam os serviços prestados para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nesta semana. Os cortes foram feitos em virtude de dívidas que somam R$ 49,8 milhões. Na terça-feira (11) a Universidade ficou sem luz e nesta quarta-feira (13) foi a vez do fornecimento de água ser interrompido.
Entre março e novembro de 2024, a Universidade somou R$ 31,8 milhões em dívidas com a Light. Além disso, há R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020. “Na época, a Light e a reitoria da UFRJ pactuaram o parcelamento de uma dívida de R$ 21,3 milhões; contudo, apenas R$ 13 milhões foram pagos até o momento”, afirmou a empresa em nota. A medida, de acordo com a Light, foi tomada após decisão judicial.
Já no caso do fornecimento de água, os débitos são de R$ 18 milhões, de acordo com a Universidade. A concessionária não confirmou o valor da dívida, mas afirmou que foram realizadas diversas reuniões com a reitoria da UFRJ para que houvesse um acordo.
Tanto o corte no fornecimento de água quanto de luz não afeta serviços tidos como essenciais, relacionados a saúde e segurança da Universidade, de acordo com os fornecedores.
No entanto, em publicação feita no site de notícias da instituição, o reitor da UFRJ Roberto Medronho classificou os cortes como “arbitrários” e “cruéis” e disse entender que o corte é ilegal. “Entendemos que esse é um corte ilegal, pois a decisão judicial obriga a concessionária a manter o fornecimento em locais onde são realizadas atividades essenciais: o ensino e a pesquisa são atividades essenciais”, disse o reitor durante uma “aula pública” realizada para falar sobre o orçamento da instituição.
Orçamento da universidade teria que ser quase dobrado para pagar dívidas
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a dotação atualizada de todas as fontes para a UFRJ em 2024, excetuando-se pessoal, é de R$ 430,5 milhões.
No entanto, no ato realizado nesta manhã, a gestão da universidade estimou que apenas para pagar os valores de custeio e parcelas de dívidas seriam necessários R$ 743,9 milhões anuais, sem considerar a recuperação da infraestrutura ou novos investimentos.
Em nota enviada à Gazeta do Povo, o MEC afirmou que tem trabalhado para a recomposição orçamentária das Instituições Federais, mas que elas também possuem autonomia para a gestão financeira e orçamentária. “As instituições têm total liberdade para definir suas prioridades internas, incluindo a alocação de recursos, a gestão de contratos terceirizados e a execução de projetos, conforme suas necessidades e diretrizes institucionais” pontuou o MEC em nota.