A inflação da zona do euro acelerou mais do que o esperado em outubro e ainda pode aumentar mais nos próximos meses, reforçando os argumentos a favor da cautela nos cortes das taxas de juros pelo Banco Central Europeu (BCE), já que o aumento dos preços ainda não foi totalmente controlado.
A inflação nos 20 países que compartilham o euro acelerou para 2%, de 1,7% em setembro, principalmente devido aos custos mais altos de alimentos e energia, ficando acima das expectativas de 1,9% em uma pesquisa da Reuters com economistas.
Um número observado mais de perto, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, manteve-se em 2,7%, acima das previsões de 2,6%, informou o Eurostat nesta quinta-feira (31).
A inflação caiu rapidamente desde que atingiu o território de dois dígitos há dois anos, e a maioria dos economistas a vê de volta ao objetivo de 2% do Banco Central Europeu em algum momento no primeiro semestre do próximo ano, após alguma volatilidade nos últimos meses de 2024.
Esse retorno relativamente rápido à meta também alimentou um debate nas últimas semanas, com algumas autoridades do BCE argumentando que havia um risco crescente de que a alta dos preços realmente fique abaixo da meta e que a autoridade monetária teria de começar a estimular o crescimento para evitar uma inflação excessivamente baixa.
Segundo alguns, essa perspectiva sombria poderia até mesmo forçar o BCE a acelerar o ritmo dos cortes nas taxas de juros e reforçar a justificativa para uma medida maior do que a habitual em dezembro.
Entretanto, esse argumento ainda não ganhou força significativa e os conservadores têm recuado, argumentando a favor de medidas graduais e comedidas, pois uma longa lista de fatores ainda pode elevar os preços.
Uma das principais preocupações é que a inflação de serviços, o maior item individual da cesta de preços ao consumidor, continua muito rápida, mantendo-se em 3,9%.
O crescimento dos salários também é mais rápido do que a taxa de 3% que o BCE considera consistente com sua meta. O mercado de trabalho também continua apertado, com a taxa de desemprego se mantendo em uma mínima histórica de 6,3% em setembro, segundo dados separados da Eurostat divulgados nesta quinta-feira.
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