Os réus Ronnie Lessa e Élcio Queiroz descreveram em júri popular o planejamento e a execução do assassinato da vereadora
Réus pelo assassinato da vereadora Marielle Franco, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz prestaram depoimento ao júri popular no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) nesta 4ª feira (30.out.2024), no Rio de Janeiro.
Durante a descrição do planejamento e execução do crime por Lessa, a mãe de Marielle, Marinete da Silva, ficou emocionada e precisou ser consolada por familiares. A filha de Marielle, Luyara Santos, também chorou durante o depoimento do acusado. Ela deixou o plenário e precisou ser consolada.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram ouvidos de forma virtual durante a audiência. Os réus relataram como o crime foi planejado e como ocorreu a execução.
Durante o depoimento, um vídeo extraído de um documentário sobre a vida da vereadora foi exibida aos presentes, com áudios e imagens do crescimento e carreira de Marielle.
Ela foi assessora de Marcelo Freixo e atuou na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Em setembro de 2016, foi eleita vereadora pelo Psol. Seu mandato na Câmara Municipal começou em janeiro de 2017. Teria fim em 2020, mas a vereadora foi morta a tiros, junto com seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.
DEPOIMENTO DE LESSA
O ex-PM afirmou os mandantes do crime queriam que o assassinato de Marielle Franco fosse realizado antes de 14 de março de 2018, data em que foi executada. No entanto, havia uma exigência de que o assassinato não acontecesse na Câmara dos Vereadores, o que teria atrasado a execução. Lessa disse não saber o motivo do pedido.
Além disso, o réu afirmou que Queiroz atuou como seu motorista e só soube do que se tratava o crime no dia do assassinato.
“Desde que ele foi expulso da polícia, ele sempre me pediu para arrumar algo, dizendo que tinha que se levantar. Pedia um trabalho de segurança, alguma coisa. Quando eu o chamei para o trabalho, não disse diretamente que era algo do Macalé, ficou meio nublado”, afirmou Queiroz.
DEPOIMENTO DA MÃE DE MARIELLE
A mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, disse ao júri popular no TJ-RJ que foi contra a filha se candidatar ao cargo de vereadora pelo Psol porque “não sentia coisa boa” em relação a um mandato ligado ao partido.
“Marielle vem de um entendimento de direitos humanos. Quando ela foi convidada para ser vereadora, eu fui contra. Não sentia coisa boa no meu coração em relação ao mandato partidário. A gente não tinha partido. Isso me preocupou. Mas quem eu era pra contrariar uma mulher com quase 38 anos?”, disse.
TRIBUNAL DO JÚRI
O julgamento começa 6 anos depois do episódio, em março de 2018. A data foi definida pelo juiz Gustavo Kalil em reunião no Fórum Central do Rio, em 12 de outubro. Pode ser acompanhado ao vivo no canal do YouTube do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O julgamento em júri popular dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz nesta 4ª feira (30.out) no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro deve durar 2 dias. A mãe de Marielle depôs logo após a ex-assessora Fernanda Chaves.
Ambos os ex-policiais fizeram delações premiadas à PF (Polícia Federal) confessando a execução do crime e são réus no caso. Lessa confessou ter sido o autor dos tiros que mataram Marielle, enquanto Élcio estaria dirigindo o carro no dia do crime. Estão presos desde 2019.
Além de terem confessado o crime, Lessa indicou que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão seriam os mandantes do crime. O motivo teria sido por conflitos fundiários.
Os 2 se tornaram réus no STF em junho deste ano, quando, por unanimidade, a 1ª Turma do Supremo aceitou uma denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República).
Além deles, o Supremo também aceitou denúncia na mesma ação contra o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, o ex-assessor de Domingos, Robson Calixto da Fonseca, e Ronald Alves, conhecido como major Ronald.
Em depoimento ao STF no caso, apesar da declaração de Lessa, os irmãos Brazão disseram que não conheciam o ex-PM. Segundo o deputado, ele nunca teve contato com Lessa e que, embora o ex-PM pudesse conhecê-lo, ele não teria “lembrança de ter estado com essa pessoa”.
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