O ex-ministro José Dirceu (PT) disse considerar que o STF (Supremo Tribunal Federal), ao anular suas condenações decorrentes da Operação Lava Jato, fez justiça e que o objetivo das condenações, consideradas por ele ilegais, eram forçar uma delação dele contra o presidente Lula (PT).
Em entrevista à GloboNews veiculada nesta terça-feira (29), Dirceu afirma que a decisão, que o torna elegível novamente, é especial não apenas para ele, mas para a militância do PT e para os que foram solidários desde sua cassação na Câmara dos Deputados, em 2005.
“O Supremo, no meu entendimento, fez justiça, porque se lembrarmos, naquele PowerPoint famoso só tem um nome além do nome do Lula, o meu. E todo o objetivo de todas as minhas condenações, antes inquéritos e processos, era a delação do Lula, e a Vaza Jato deixa isso muito claro.”
O ex-ministro afirmou que ações contra ele na Lava Jato tiveram a mesma dinâmica: “Repetiu-se nos meus processos tudo o que aconteceu em todos os processos, particularmente no do Lula. Por isso mesmo a decisão do Supremo acompanha todas as decisões anteriores e faz justiça, no meu entendimento”, disse Dirceu.
A decisão de segunda-feira (28) que tornou nulas as condenações do petista foi do ministro Gilmar Mendes. O magistrado concordou em estender a ele a decisão de suspeição do ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) em processos contra Lula, expedida em 2021.
Dirceu foi condenado pelo então juiz em dois processos, com penas somando 34 anos de prisão.
Com a determinação de Gilmar, que ainda precisa ser confirmada em colegiado e da qual a PGR (Procuradoria-Geral da República) avalia recorrer, o ex-ministro deixa de estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa e pode concorrer a eleições novamente.
Na decisão, o membro do STF diz que um conjunto de indícios colhidos especialmente com as mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato mostra que a “mesma falta de isenção” em relação a Lula também impediu que Dirceu “tivesse direito a um julgamento justo e imparcial”.
Moro diz que não há “base convincente” para anulação da decisões, afirmando que as decisões dele quando fazia parte do Judiciário foram confirmadas por três instâncias.
O ex-juiz fez discurso no Senado nesta terça-feira e chamou o ex-ministro de “símbolo da corrupção”.
“De repente se cria uma fantasia, uma narrativa, que não tem base fática nenhuma, de que teria havia alguma espécie de perseguição de conluio. As provas desse caso não se baseavam apenas na palavra de um colaborador, havia prova documental, registro documental, dos valores indo do contrato da Petrobras para pagamentos em benefícios do ex-ministro.”