Atrás nas pesquisas de intenção de voto, o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) intensificará a sua agenda na última semana de campanha.
Em um púlpito improvisado em frente ao prédio da Prefeitura de São Paulo, ele leu uma carta intitulada “Ao Povo de São Paulo” e prometeu uma gestão “sem amarras ideológicas”. Também anunciou que dormirá na casa de eleitores até o final da semana.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (17), o psolista tem 33% das intenções de voto no segundo turno, ante 55% do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“A partir deste momento, só vou voltar para casa no final de semana. Vou rodar essa cidade, conversando com pessoas, dialogando. Dormir na casa dessas pessoas. Vou virar votos 24 horas por dia, porque acredito nessa vitória”, afirmou Boulos, na manhã desta segunda.
“Diferentemente de quem ocupa esse prédio [em referência ao edifício da sede da prefeitura], nós não estamos na política por causa de eleição. Estamos na política para que a cidade fique mais humana”, prosseguiu.
A carta remete uma estratégia adotada pelo presidente Lula (PT), que, em sua primeira campanha vitoriosa ao Palácio do Planalto, em 2002, buscou reverter a rejeição com a “Carta ao Povo Brasileiro”.
O candidato do PSOL também adotou frase do petista famosa naquele pleito: “a esperança pode sim vencer o medo”.
O psolista irá dormir na casa de eleitores entre segunda-feira (21) e sexta-feira (25). A primeira hospedagem será na Brasilândia, na zona norte.
Ele ainda tem uma série de compromissos de campanha ao longo do dia e, à noite, deve se encontrar com evangélicos no hotel Jaraguá, no centro.
Segundo o Datafolha, Nunes tem 57% das intenções de voto nesse segmento, ante 23% de Boulos. A margem de erro para esta fatia do eleitorado é de seis pontos percentuais.
Depois, o candidato do PSOL seguirá para região central e irá dormir no Grajau (zona sul) e em São Mateus (zona leste).
Segundo Boulos, o roteiro na sexta terminará na zona oeste, onde ele irá se preparar para o debate da Rede Globo.
Ele não detalhou como foi a escolha das pessoas que irão hospedá-lo. Disse apenas que esses moradores se voluntariaram através de lideranças do bairro.
“Essas pessoas que eu vou visitar foram pessoas que quando a gente colocou a ideia se voluntariaram para me receber nas suas casas, para conversar sobre sua vida, sobre seus problemas. Conversarmos com lideranças da região”, explicou.
A carta lida por ele foi direcionada, em boa parte, aos trabalhadores autônomos e das periferias. O candidato citou, por exemplo, manicures, motoboys e motoristas por aplicativos.
“Muitos ficam assustados com minha trajetória no movimento social, se vamos dialogar com quem pensa diferente. Peço um voto de confiança. Juntei a Marta, especialistas e gestores, nosso governo será sem qualquer amarra ideológica”, disse ele.
“A periferia mudou. Muitas vezes deixamos de falar com vocês [profissionais autônomos]. A prefeitura vai reconhecer seus esforços, e não só mandar boleto.”
Boulos chegou até o local de van e com uma mala, com a promessa de voltar depois do debate da Globo. Durante a sua fala, funcionários da prefeitura foram até a janela acompanhar o discurso do psolista.