Segundo Reginaldo Nogueira, economista sênior do Ibmec, as expectativas e o contexto global reforçam a necessidade técnica de manutenção da Selic
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, reforçou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de não reduzir o taxa básica de juros no Brasil, a Selic, que está em patamar elevado de 13,75%. A prévia da inflação ficou em 0,69% em março, sendo puxada principalmente pelos combustíveis e alimentos. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 5,36%. O BC vem recebendo críticas do governo Lula pela manutenção da taxa Selic nesse patamar, mas a economia real demonstra acerto do Copom, avalia Reginaldo Nogueira, economista sênior do Ibmec. “Temos um ambiente inflacionário global importante. Todos os bancos centrais ao redor do mundo estão atuando com relação a isso. E no banco central brasileiro não tem sido diferente. Então, do ponto de vista técnico, nós temos justificativas para esse trabalho, é algo duro, que tem gerado pressão, mas que é compreendido pelo mercado, por economistas, como algo que, dado o cenário inflacionário, expectativa de inflação e ambiente internacional, não teria como ser diferente”, diz.
Em março de 2022, o IPCA-15 foi de 0,95%, representando uma lenta queda da inflação no país em relação a este mês de março de 2023. Dos nove grupos de produtos pesquisados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para apontar a prévia da inflação, oito tiveram alta neste mês, com destaque para gasolina: 5,76% maior na taxa mensal.”A inflação continua muito alta, mesmo com essa ligeira redução no mês de março, ela continua ainda muito desconfortável, inclusive com expectativas altas para este ano, acima da inflação, acima da meta desse ano e do próximo, e tudo isso nesse contexto que temos o Banco Central de maneira muito rígida, muito condizente com o objetivo de alcance da meta, senão em 2023, o que se mostra muito difícil, pelo menos a partir de 2024″, comenta Nogueira.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos