Se hoje é impensável tirar uma foto e não vê-la instantaneamente, décadas atrás era algo completamente impossível. Longe das brilhantes telas dos celulares ou das avançadas câmeras digitais, o processo da fotografia analógica era sobretudo um exercício de paciência.
Após os cliques, o rolo fotográfico precisava passar pela revelação. Um processo químico, realizado em laboratório, que envolvia algumas etapas.
As películas sensíveis eram colocadas em carretéis vedados dentro de uma sala escura. Primeiro recebiam um banho de revelador, que realizava a mágica de formar a imagem sensibilizada pela câmera.
Depois, entrava em ação o fixador, que garantia que a imagem não se desmanchasse no filme. Somente com o negativo pronto, as fotos eram ampliadas e copiadas em papel.
Com muita sorte, era preciso esperar ao menos uma hora para ver suas fotos prontas. Foi na década de 1930 que começaram a surgir os primeiros processos de fotografia positiva direta. Isto permitiu que em 1948, o cientista norte-americano, Edwin Lund criasse e patenteasse a Polaroid.
A câmera revolucionou a fotografia. Feita de plástico, leve e compacta, logo atraiu a atenção não só do público geral, mas também dos artistas, que se encantaram com a ideia de obter uma cópia única e original.
A polaroid se tornou cult. Um sinônimo do mundo pós-moderno. Andy Warhol a colocou na rota da pop art ao desenvolver ensaios icônicos com as chapas instantâneas. Outros grandes nomes da fotografia, como Walker Evans e Ansel Adams, também lançaram mãos da câmera para eternizar seus trabalhos.
Neste ensaio produzido pelos repórteres-fotográficos, Danilo Verpa e Rafaela Araújo, os candidatos a prefeito pela cidade de São Paulo, Guilherme Boulos, Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Tabata Amaral tiveram momentos de suas campanhas registrados com uma câmera Polaroid.
Sem os sensores de alta definição das câmeras de última geração utilizadas normalmente pelos fotógrafos da Folha, o ensaio mostra detalhes da campanha de maneira nua e crua.
Longe das lentes potentes e com pouco recurso ótico, os profissionais registraram os candidatos sem saber previamente o resultado.
“Fiz toda a minha carreira com a fotografia digital e o maior desafio foi acertar a distância focal e ainda conseguir captar o momento preciso, já que a câmera tem um atraso no disparo”, diz Danilo Verpa
Na era da profusão das imagens, o trabalho resgata o exercício extremo do olhar aguçado, sem subterfúgios ou técnicas. “Não temos limites de disparo na fotografia digital, minha maior dificuldade foi contar a história com apenas oito chapas”, diz Rafaela Araújo